Do ATUAL
MANAUS – O empresário nigeriano Daniel Chinedu Dickson, de 46 anos, busca recuperar a reputação após ter sido preso, acusado e absolvido do crime de tráfico de drogas.
Ele ficou preso por seis meses em 2020 em consequência de ação policial em Manaus que o colocou no centro de uma investigação sobre um esquema de roubos e furtos de veículos de luxo que estavam sendo remetidos ao município de Tabatinga, no extremo oeste do Amazonas.
Na ocasião da prisão, o então secretário de Segurança Pública Louismar Bonates disse que Daniel e outro homem, identificado como Okolie Goodwill Eze, que também foi preso, usavam os carros de luxo roubados para trocar por drogas. Bonates também disse que a dupla usava veículos de menor porte para transportar cocaína líquida oriunda da Colômbia.
Daniel e Okolie foram denunciados por tráfico de drogas. A denúncia foi feita pelo MPAM (Ministério Público do Amazonas) a partir de relatório da Polícia Civil do Amazonas.
Por falta de provas, o próprio Ministério Público pediu a absolvição dele e a condenação de Okolie. O pedido foi aceito pelo juiz Rafael Rodrigo da Raposo, que atuava na 4ª Vara Especializada em Crimes de Uso e Tráfico de Entorpecentes, em julho de 2021.
Na sentença que absolveu Daniel e condenou Okolie, o juiz Rafael Raposo escreveu: “Não há provas suficientes para embasar uma sentença condenatória.”
Em agosto deste ano, Daniel processou o Google para retirar publicações sobre a prisão dele, mas o processo foi arquivado porque a defesa dele não recolheu o valor das custas iniciais. Na ação, Daniel afirma que tem uma empresa de turismo sediada em Salvador (BA) e que a operação policial trouxe consequências para a reputação dele.
Absolvido
Daniel disse em audiência que não tinha nenhum tipo de vínculo com Okolie e que o conheceu na imigração, em 2019. Segundo Daniel, Okolie ofereceu serviços de pintura e foi contratado para pintar a loja e o apartamento do empresário. Daniel disse que nunca ouviu falar do envolvimento de Okolie com o tráfico de drogas.
O empresário afirmou que, no dia da prisão, Okolie apareceu na empresa dele juntamente com os policiais pedindo ajuda, pois não conseguia se comunicar, mas os policias em momento algum permitiram que traduzisse o que estava sendo dito.
Após a abordagem, Daniel permitiu que os agentes revistassem a loja e a casa dele, e nada de ilícito foi encontrado. Depois, os policiais foram até o local onde Okolie residia, mas, segundo o empresário, nesse momento ele foi colocando dentro de um dos quartos da residência e não viu as drogas que os policiais afirmam ter sido encontras no local.
Daniel também relatou que, ao chegar na delegacia, não tinham tradutores. Ele afirma que foi impedido de se comunicar com um advogado e que sofreu agressões como golpes em suas costas pelos policiais.
Okolie confirmou que levou os policiais até Daniel para que ele traduzisse o que ele estava falando, pois os agentes não compreenderam o idioma.
A decisão do juiz Rafael Rodrigo da Raposo é definitiva sobre a inocência de Daniel Chinedu Dickson.