Por Iolanda Ventura, da Redação
MANAUS – O médico e empresário Tiago Simões Leite, dono da MedPlus Serviços Médicos Ltda., disse que recebeu ligação da Susam (Secretaria de Saúde do Amazonas) no dia 15 de abril deste ano solicitando orçamento para serviços médicos no hospital de campanha Nilton Lins e teve a negociação firmada cinco dias depois, no dia 20. O depoimento foi à CPI da Saúde na manhã desta segunda-feira, 27. Simões Leite disse que nunca tinha atuado em Manaus.
A negociação foi pelo fornecimento de médicos para trabalho em UTI no tratamento de pacientes com Covid-19. A MedPlus tem sede em São Caetano (SP).
“Nosso departamento social recebeu uma ligação dia 15 solicitando se a gente tinha interesse em fazer uma cotação para prestação de serviços de UTI Covid aqui no Amazonas. No dia 16 fomos acionados via e-mail para uma cotação e aí enviamos a cotação da nossa proposta, e no dia 18 a gente foi convocado para vir para iniciar os trabalhos”, disse. “Nós já fomos convocados para iniciar e iniciamos no dia 20 de abril”, completou.
O empresário não soube dizer quem fez a ligação. “A gente recebeu o e-mail da Gerência de Compras (da Susam). Eu realmente não me recordo quem que fez o telefonema no dia 15”, afirmou.
A empresa prestou os serviços no Hospital Nilton Lins sem contrato, através de processo indenizatório (quando a empresa realiza o trabalho e recebe depois). Simões afirmou que apesar de não ser uma contratação usual, aceitou.
“Na verdade não é uma forma muito comum, não é muito usual. Mas a gente entendeu que era devido à situação do momento, que era uma situação de muita calamidade. No dia que a gente chegou tinham 84 pedidos de vaga de UTI no sistema do Amazonas e não tinha vaga (para atender a demanda)”, justificou Tiago Simões.
O empresário afirmou que o acordo da MedPlus por processo indenizatório só ocorreu no Amazonas. Nos outros estados em que atua, a empresa sempre foi contratada por dispensa de licitação, mas com contrato firmado.
Simões afirmou que não recebeu nenhum valor da Susam até o momento. “Na verdade, é interessante salientar que nós não recebemos nenhum tostão desses processos indenizatórios”, disse.
Segundo o empresário, a empresa atuou de abril até junho com 40 profissionais, entre médicos, intensivistas e plantonistas. O valor pago pela empresa para os profissionais por plantão é de R$ 1.944,44, segundo o empresário. Em abril, esses pagamentos totalizaram R$ 169,1 mil e, em maio, com o aumento da demanda, R$ 699,9 mil, segundo Simões.
“Durante o mês de abril nós iniciamos com 16 leitos. Na verdade, foi uma abertura gradual. Nós fomos contratados para fazer 40 leitos no Hospital Nilton Lins. Então, no mês de abril, nós começamos com dois médicos no plantão, mas dois horizontais e três coordenadores. Um total de nove médicos por dia no Nilton Lins. Já no mês de maio, quando houve a abertura da segunda UTI, que foi a UTI indígena, nós chegamos a ter de 13 a 14 médicos todos os dias lá”, afirmou.
De acordo com o empresário, apesar de a MedPlus ter negociado serviços médicos em 40 leitos, trabalhou com 26 leitos de UTI, sendo 10 na UTI geral e 16 na ala indígena. “Nós chegamos a ter 26 leitos lá no Nilton Lins de UTI funcionando”, disse.
Tiago Simões disse que atendeu em média 150 pacientes por dia no hospital de campanha. “Eu estimo que seja de 100 a 150 pacientes por mês que nós atendemos lá (Nilton Lins)”, declarou.