
Por Felipe Campinas, do ATUAL
MANAUS – Aumento da tarifa mínima de R$ 6,99 para R$ 12 e do preço do quilômetro rodado de R$ 0,84 para R$ 2 são algumas das reivindicações dos motoristas de transporte de passageiros por aplicativos de Manaus. Eles prometem paralisar o serviço a partir das primeiras horas de segunda-feira (15), semana em que devem ocorrer greves também de professores e rodoviários. A concentração para pressionar as plataformas será no Sambódromo de Manaus.
“Há mais de quatro anos que a inflação vem aumentando e o valor das corridas não está sofrendo reajuste com a inflação. Então, estamos pedindo a [tarifa] mínima de R$ 12 na cidade de Manaus e o km a R$ 2 para que a gente possa se manter na categoria”, disse Tiago Rodrigues, que coordena um grupo com cerca de 3 mil motoristas na capital amazonense.
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Os trabalhadores também pedem que as plataformas adotem medidas para garantir a segurança deles, incluindo o acesso à foto do passageiro. “Nós não temos como ver a foto do passageiro e isso reflete na nossa segurança. Eles tem a foto do motorista e a placa e a cor do carro, mas nós não. Muitas das vezes, em algumas plataformas, está escrito só ‘passageiro'”, disse Rodrigues.
A redução do tempo de espera do passageiro de 5 para 3 minutos está na pauta de reivindicações. “Imagina um motorista em uma área de confronto intenso de traficantes, uma área vermelha, perigosa de Manaus. Cinco minutos é muito tempo. Isso leva o nosso parceiro motorista a se colocar em risco dentro da profissão”, afirmou Rodrigues.
A taxa de cancelamento de R$ 5 paga pelo passageiro também é apontado como um problema para os trabalhadores. Rodrigues relata que algumas plataformas não repassam para eles o valor e outras pagam preço irrisórios, que, na opinião deles, não custeiam o custo do deslocamento feito até o momento do cancelamento da corrida.
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De acordo com os trabalhadores, as conversas com os representantes das plataformas se resumem a solicitações que não são atendidas. “Estamos há mais de cinco anos fazendo audiências públicas com as plataformas e as conversas não saem das solicitações. Eles são conhecedores de todas as nossas demandas, mas nos abandonam”, afirmou Rodrigues.
Preços insustentáveis
Ao justificar o pleito por mudanças que geram aumento na tarifa das corridas, os motoristas afirmam que o preço atual está “insustentável”. “Durante esses últimos quatro anos, a inflação no Brasil aumentou muito. Em vez dos nossos preços acompanharem a inflação para que a gente pudesse se manter na pista com qualidade, eles caíram”, disse Rodrigues.
“Quando nós começamos a dirigir, por exemplo, o quilo do bife era R$ 20. Hoje você compra a R$ 50. Como é que a classe vai se manter se não tem reajuste? Em todos os lugares está tendo reajuste. A única classe em Manaus que não teve reajuste foi a dos motoristas de aplicativos”, completou Rodrigues.
Os trabalhadores também alegam que o reajuste irá possibilitar a oferta de um serviço melhor, como a refrigeração do ambiente. “Manaus tem um trânsito muito pesado, intenso, e muitos dos senhores estão andando sem ar-condicionado porque as tarifas não estão compensando para os motoristas. “, afirmou Rodrigues.
Os motoristas também citam a manutenção do veículo e do sustento da família. “Até para suprir as nossas necessidades. Nós entramos com o carro; às vezes, aluguel ou a parcela do carro próprio; nós entramos com a gasolina, com manutenção do veículo, internet, seguro do carro. Todo investimento de logística é nosso”, disse Rodrigues.
O líder dos motoristas de aplicativo lembra que as plataformas mantiveram o preço mínimo da corrida quando o preço da gasolina chegou a R$ 8 em Manaus. “A gente não sabe se amanhã [o preço mínimo] vai estar R$ 5 de novo. A gasolina [atualmente, R$ 6,59 o litro] chegou a R$ 10 e o valor da corrida [preço mínimo] era o mesmo de R$ 6, R$ 5,80, R$ 5,60”, afirmou Rodrigues.
Os trabalhadores planejam parar por 24 horas. A paralisação começa nas primeiras horas da madrugada de domingo para segunda-feira. A concentração dos trabalhadores será no Sambódromo de Manaus a partir de 15h. Eles pretendem colher assinaturas de motoristas para protocolar as reivindicações na Câmara Municipal de Manaus.
“Você que é motorista de aplicativo, pare por sua casa, por sua família, pela melhoria da classe e por você que está todo dia rodando e está vendo esse preço praticado insustentável. Pare porque nós precisamos dar dignidade para nossas famílias, para nossos filhos. Educação, saúde. Se a gente não fizer nada hoje, a classe vai ter que parar”, disse Rodrigues.
A reportagem solicitou informações das empresas Uber e 99, mas não recebeu respostas até a publicação desta matéria.
(Colaborou Hudson Neris)
Assista a entrevista com os motoristas de aplicativo clicando aqui.
Se não tá dando resultado para de trabalhar como motorista de aplicativo, pq se tiver aumento na tarifa eu como consumidor vou parar de usar. Simples assim.
Liso tem que continuar utilizando ônibus simples assim
Boa sorte pra vcs, vou voltar a andar de táxi.