Da Redação
MANAUS – Consagrado à frente das câmeras, o ator Lázaro Ramos estreia como diretor de cinema com o mesmo talento da atuação. Em “Medida Provisória”, que estreia quinta-feira (14) nas salas de exibição de todo o país, Lázaro Ramos expõe o racismo no Brasil com humor, drama, ação e crítica ácida.
O enredo é atual e oportuno. Você quer reparação social pelo tempo de escravidão, o governo para um Brasil mais justo lhe oferece muito mais: a oportunidade de voltar para a África. A deportação é estabelecida na Medida Provisória polêmica, uma espécie de AI-5 do racismo.
Com maioria de atores negros, Lázaro Ramos conduz como veterano as atuações da mulher, Taís Araújo, e atores como Seu Jorge e Alfred Enoch. O elenco tem ainda Renata Sorrah e Adriana Esteves. Duas personalidades negras estreiam na atuação: Dona Diva Guimarães [conhecida por seu discurso na Flip de 2017] e Emicida (rapper, cantor, compositor, letrista e empresário brasileiro).
A proposta de Medida Provisória é incentivar a reflexão. “A gente assiste ao noticiário e toda semana tem um assunto ligado a racismo”, diz Lázaro Ramos.
Futuro presente
A história se passa no futuro, em um Brasil dominado por um regime opressor. Para reparar séculos de escravidão, o governo decide, por meio de uma medida provisória, enviar toda a população negra brasileira para a África. O resultado é o caos, protestos e um movimento de resistência que inspira a nação: o Afrobunker.
A partir desse conflito, o filme mostra como o movimento vai lutar pelo direito dos cidadãos de permanecerem em seu país.
A aprovação da medida provisória afeta diretamente a vida do casal formado pela médica Capitú (Taís Araújo) e o advogado Antonio (Alfred Enoch), bem como a de seu primo, o jornalista André (Seu Jorge), que mora com eles no mesmo apartamento, lugar onde os personagens debatem questões sociais e raciais, além de compartilharem anseios que envolvem a mudança de país.
Vendo-se no centro do terror e separados por força das circunstâncias, o casal não sabe se conseguirá se reencontrar.
Adaptação
O longa é uma adaptação de “Namíbia, Não!”, espetáculo de Aldri Anunciação que Lázaro Ramos dirigiu para o teatro em 2011. Lázaro também assina o roteiro do filme, juntamente com Lusa Silvestre.