Da Folhapress
SÃO PAULO – “Isso não é um discurso ou uma coletiva de imprensa, é uma celebração”, deixou claro o presidente Donald Trump em sua primeira fala pública após ser absolvido no processo de impeachment, nesta quinta-feira, 6.
“Primeiro, passamos por Rússia, Rússia, Rússia. Era tudo besteira”, disse, na Casa Branca, citando as denúncias de que a eleição de 2016 teria sido alvo de manipulação estrangeira a favor dele.
O presidente mostrou um exemplar do jornal The Washington Post,com a manchete “Trump inocentado” e passou a citar uma longa lista de nomes de advogados e congressistas que o ajudaram e disse que o Partido Republicano está mais forte do que nunca. Os elogios foram intercalados com críticas aos democratas.
“Eles [os democratas] sabiam, depois de dois dias, que éramos inocentes, mas prolongaram as coisas porque queriam causar danos políticos”, acusou.
Trump deixou claro que não perdoará os democratas pelo processo. Chamou Adam Schiff, deputado democrata que liderou a investigação, e Nancy Pelosi, presidente da Câmara, de “pessoas horríveis” e disse que eles seriam capazes de tentar remover do cargo até George Washington, comandante americano na Guerra de Independência e primeiro presidente do país.
“Se verem uma pessoa andando contra a luz, vão querer pedir impeachment. (…) Lutei contra pessoas assim a vida toda, e sempre lutarei.”
“Imagine se essa energia fosse colocada em outras coisas. Há geniosidade no outro lado, eu reconheço. Eles me levaram até a votação final disso, dessa palavra muita feia. Mas agora há uma frase melhor: totalmente absolvido”, prosseguiu.
Senado inocentou Trump
Em um resultado esperado há meses, Trump foi absolvido na quarta, 5, do processo de impeachment que o acusava de pressionar a Ucrânia a investigar o rival Joe Biden e de tentar obstruir a investigação.
Protegido pelos senadores de seu partido, o Republicano, Trump foi inocentado com 52 votos contrários e 48 a favor em relação ao artigo de abuso de poder e 53 a 47 quanto a obstrução do Congresso. Eram necessários 67 apoios -dois terços da Casa- para tirá-lo da Presidência dos EUA.
Todo o imbróglio que gerou o processo de impeachment parte do telefonema do líder americano, em 25 de julho, ao então recém-eleito presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, a quem Trump pediu para investigar Joe Biden, pré-candidato democrata à Presidência e possível rival na eleição de novembro, e seu filho Hunter, ex-membro do conselho de uma empresa suspeita de corrupção naquele país.
Dias depois, no começo de agosto, uma denúncia anônima à CIA, a agência de inteligência americana, a partir de relatos de pessoas que ouviram o telefonema ou tiveram acesso à transcrição da ligação, acusa o presidente de ter abusado do poder de seu cargo para obter ganhos pessoais, ameaçando assim o sistema eleitoral americano. Em 19 de setembro, o jornal The Washington Post revela o caso.
Na primeira votação na Câmara dos Deputados sobre o processo, 232 deputados foram favoráveis à continuação do inquérito, enquanto 196, contrários. Em seguida, o processo seguiu para o Senado, que decidiu não ampliar as investigações, como queria a oposição, e por inocentar o presidente.
Sem a sombra do impeachment, Trump agora pode se dedicar para valer à campanha de reeleição. Ele será o candidato do Partido Republicano e aguarda a definição de qual será seu rival democrata.