Por Lúcio Pinheiro, da Redação
MANAUS – Com a eleição de Amazonino Mendes (PDT) para o Governo do Amazonas, a relação de forças entre a base aliada e a oposição na ALE (Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas) deve ter um equilíbrio raro de se ver no Legislativo amazonense. Ao menos na teoria.
Levando em consideração as adesões feitas na campanha, e os sinais de mudança de lado após a eleição, Amazonino assumirá o Executivo com o apoio de 10 ou 11 dos 24 deputados estaduais. Mantendo-se essa tendência, mais da metade da ALE penderá para o lado da oposição.
Amazonino já disse que não está preocupado com a desconfiança de mais da metade da ALE ao governo dele. O governador eleito declarou após a vitória, no domingo, 27, que resolverá suas diferenças com os deputados por meio do diálogo e do respeito. “A Assembleia é um poder que a gente respeita. Não é a primeira vez que vou governar. Não vejo nenhuma dificuldade em trabalharmos juntos e fazermos um grande governo”, disse.
Até aqui, estão confirmados no grupo de oposição os deputados José Ricardo, Serafim Corrêa, Luiz Castro, Alessandra Campêlo, Orlando Cidade, Sinésio Campos, Francisco Souza, Dr. Gomes, Cabo Maciel, Ricardo Nicolau, Platiny Soares, Sabá Reis, Abdala Fraxe e David Almeida.
Na base aliada, Amazonino deve ter o apoio de Wanderley Dallas, Vicente Lopes, Sidney Leite, Mário Bastos, Dermilson Chagas, Augusto Ferraz, Adjuto Afonso, Carlos Alberto e Josué Neto.
O deputado Serafim Corrêa (PSB) disse que não seria coerente ele escolher outro caminho que não fosse a oposição. O filho do parlamentar, vereador Marcelo Serafim (PSB), foi candidato ao governo. Serafim disse que fará uma oposição responsável. “Vai ser uma oposição sem briga. E jamais deixarei de votar em algo que seja bom para o Estado só por ser matéria do executivo”, afirmou.
No muro
Apesar de ter feito campanha para Eduardo Braga, Belarmino Lins tem confessado a aliados que ainda não tem convicção de seu posicionamento. Quem o conhece, aposta que ele se juntará ao grupo de aliados do novo governador.
Apesar do Pros fechar aliança com Amazonino, Belarmino seguiu caminho contrário. O parlamentar ainda terá uma conversa com o colega de legenda, Sidney Leite, para decidir seu futuro dentro do partido. Se quiser se manter na sigla, o deputado terá de mostrar mais obediência a partir de agora, afirma um colega dele.
Predisposto
Vicente Lopes, do PMDB, disse que não apoiou nenhuma das duas candidaturas, foi apenas um espectador. Questionado se tem orientação partidária para fazer oposição a Amazonino, o parlamentar disse que não, complementando que não é vontade dele ser obstáculo para o novo governador. “O momento é de se contribuir, colaborar com o novo governador. É essa a minha predisposição. Não tenho intenção e não vou ser obstáculo. Mas falo com relação a mim”, disse.
Além de não embarcar na campanha do colega de partido, Eduardo Braga, durante a eleição, Vicente teve um desentendimento com outra colega de sigla, Alessandra Campêlo, por causa da liderança da legenda na ALE. Nessa segunda, 28, o deputado disse que o assunto foi superado e que não tem interesse em deixar o PMDB.
Os próximos dias na ALE serão marcados por um reordenamento nas bancadas, principalmente por que muitos deputados devem mudar de partido. Tudo em função dos rachas das siglas neste pleito. É o caso do PSD, do Pros e do PMDB, por exemplo. É grande a expectativa pela próxima janela partidária.