Da Redação
MANAUS – Dos 51.567 exames de pele para a detecção da hanseníase feitos pela Semsa (Secretaria Municipal de Saúde) em 2021, 100 pessoas testaram positivo. Em 2019, Manaus registrou 120 casos novos de hanseníase. Em 2020, foram 70 novos casos. Os dados mostram que este ano houve um aumento de 42,85% em comparação a 2020, mas manteve redução de 16,66% em relação a 2019.
De 3 a 7 de janeiro técnicos de saúde farão testes em moradores nos domicílios, selecionados aleatoriamente, nos bairros com maior incidência da doença em Manaus. O trabalho abre a campanha “Janeiro Roxo” de prevenção e controle da hanseníase.
Os agentes comunitários estarão em 12 bairros: Colônia Antônio Aleixo, Jorge Teixeira, Cidade de Deus, Santa Etelvina, Novo Aleixo, Alvorada, Compensa, Petrópolis, Centro, Cachoeirinha, Praça 14 de Janeiro e Japiim. A previsão é que sejam realizadas visitas em 1.106 imóveis.
Os agentes farão entrevistas com os moradores por questionário elaborado pelo Ministério da Saúde.
A secretária municipal de Saúde, Shádia Fraxe, afirma que o objetivo é reforçar o diagnóstico precoce da hanseníase que pode levar de 2 a 7 anos para manifestação dos sintomas. “Em alguns casos, com diagnóstico tardio, o paciente chega ao serviço de saúde já apresentando sequelas irreversíveis. A ação do Janeiro Roxo tem o objetivo de sensibilizar a população sobre os sinais e sintomas da doença, que tem cura, e fortalecer a detecção precoce”, disse Fraxe.
Na doença infecciosa crônica, causada pelo bacilo de Hansen (Mycobacterium leprae), a transmissão ocorre quando uma pessoa doente, sem ter iniciado o tratamento, elimina o bacilo por meio de secreções nasais, tosses ou espirros.
Subnotificação
A chefe do Núcleo de Controle da Hanseníase da Semsa, Ingrid Simone Alves dos Santos, explica que há uma preocupação com a redução no número de casos notificados em comparação ao período pré-pandemia. Segundo ela, isso pode indicar a subnotificação de casos com pessoas doentes sem o diagnóstico e que continuam transmitindo a hanseníase.
“O controle da hanseníase só pode ser feito a partir do diagnóstico precoce, já que o início do tratamento interrompe a transmissão do bacilo que causa a doença, evitando que outras pessoas sejam infectadas”, afirma Santos.
Em 2021, dos 100 casos novos de hanseníase na capital, 19,35% já apresentavam sequelas no momento do diagnóstico, representando o índice mais elevado dos últimos 20 anos.
Na fase inicial da doença, os sintomas são caracterizados por lesões na pele que causam diminuição ou ausência de sensibilidade ou lesões dormentes. Em estágios mais avançados pode apresentar edema de mãos e pés, febre, dor na articulação, ressecamento dos olhos, nódulos dolorosos, mal-estar geral, dor ou espessamento dos nervos periféricos, principalmente nos olhos, nas mãos e nos pés, e a diminuição ou perda de força nos músculos, inclusive nas pálpebras.
Ainda como parte da mobilização contra a doença, de 17 a 22 de janeiro, a Prefeitura de Manaus organizará a Semana Nacional de Mobilização da Hanseníase, evento coordenado pelo Ministério da Saúde, para ampliar a detecção de casos da doença, e fortalecer a capacitação dos profissionais de saúde para o diagnóstico e tratamento.