NOVA IORQUE – O presidente executivo e cofundador do serviço de streaming Netflix, Reed Hastings, afirmou, nesta segunda-feira, 27, que 90% do conteúdo assistido pelas pessoas daqui a 10 a 20 anos será transmitido via internet. “A internet é importante para a disseminação de conteúdo em vídeo”, disse o executivo da Netflix. Hasting disse que os serviços de streaming terão papel de grande influência no futuro. Ele fez a declaração durante entrevista no palco principal do Mobile World Congress (MWC), maior congresso de celulares do mundo, que começou nesta segunda em Barcelona, na Espanha.
Para atender à demanda crescente por conteúdo em vídeo, Hastings disse que o Netflix trabalha com todas opções de vídeo. Após lançar a opção que permite baixar vídeos para assistir offline, a empresa também disse considerar a opção de produzir vídeos em modo retrato – no qual a tela fica na vertical, como no aplicativo de vídeos efêmeros Snapchat. “Precisamos nos adaptar para todos os tipos de telas”, disse.
Ainda sobre o futuro, Hastings disse estar animado com o avanço da inteligência artificial. Ele fez uma provocação sobre a existência de robôs em uma sociedade futura. Para ele, não é impossível que as pessoas vivam em sociedade com as máquinas. “Daqui algum tempo, teremos que produzir conteúdo de entretenimento não só para humanos, mas para inteligências artificiais”, brincou o executivo.
Crescimento
De acordo com os últimos dados divulgados pelo Netflix, o serviço ultrapassou a marca de 90 milhões de usuários. Hastings diz que o crescimento é acelerado e, em breve, a empresa deve ultrapassar a marca de 100 milhões de assinantes em todo o mundo. Países de regiões como África, Ásia e Oriente Médio puxam o aumento no número de usuários globais do serviço – atualmente o Netflix funciona em quase todos os países do mundo, exceto na China. “Nós estamos aprendendo muito com nossa experiência ao redor do mundo”, disse o executivo.
Para Hastings, o conteúdo local oferecido pela Netflix é uma das principais e mais seguras apostas da empresa. Segundo ele, a série brasileira 3%, por exemplo, se tornou muito popular em países como Alemanha e Estados Unidos. “Nós criamos produção locais com história locais para um público global”, disse o executivo. “Queremos contar histórias de todo o lugar do mundo”.
Trajetória
Além de fazer previsões, Hastings também relembrou do passado. Segundo ele, a ideia de um serviço como o Netflix surgiu antes mesmo da internet suportar algo parecido com o serviço de streaming. “Antes mesmo do DVD, eu já pensava em compartilhar vídeo e mídia com as pessoas”, explica o executivo.
Antes de ser um serviço de streaming, a Netflix era uma locadora que operava por meio de um sistema de assinatura: as pessoas pagavam uma taxa mensal para receber filmes, por meio dos correios. O serviço funcionava sem taxa de entrega e sem multa por atraso, já que a própria empresa recolhia os DVDs. “Enquanto não desenvolveram a tecnologia, a gente trabalhou com o que podia”, disse o executivo.
Polêmicas
O cofundador da Netflix não fugiu das polêmicas durante sua apresentação durante o Mobile World Congress. Sobre a acusação de operadoras de telefonia de que o streaming consome grande quantia de dados, Hastings disse que a Netflix vem desenvolvendo ao longo dos últimos anos, tecnologias para compactar cada vez mais os vídeos, o que permite que eles sobrecarreguem menos a infraestrutura de rede das operadoras. “Nós estamos tentando ser mais eficientes ao oferecer conteúdo para os usuários”, disse.
Hastings também negou que o Netflix tenha feito as pessoas trocarem seus pacotes de TV por assinatura pelo serviço de streaming, que é significativamente mais barato. “Nos Estados Unidos, o número de assinantes de TV a cabo se manteve”, afirmou. “O Netflix é mais uma fonte de entretenimento para as pessoas, assim como canais de TV por assinatura continuam sendo.”
(Estadão Conteúdo/ATUAL)