O eleitor amazonense está desmotivado a ir à urna no dia 27 de agosto. Os candidatos não fazem esforço para motivá-los. A eleição para substituto do governador cassado José Melo se arrasta. Nas ruas pouco se fala sobre ela. Os cabos eleitorais sumiram desde o fim do primeiro turno. A cidade que concentra mais da metade do eleitorado está apática. As pesquisas eleitorais de intenção de voto mostram que quase um terço do eleitorado não devem votar em nenhum dos candidatos que disputam o segundo turno.
De quem é a culpa? Do eleitor não é. Uma série de fatores contribui para que o Amazonas tenha uma eleição das mais apáticas da história recente. Primeiro: a falta de propostas dos candidatos. Um promete arrumar a casa; o outro diz que quer arrumar a vida do eleitor. Não é o que a maioria quer ouvir. O que o eleitor precisa saber é como o governante vai administrar o Estado; se vai combater a corrupção; se vai reduzir os cargos comissionados e os trabalhadores terceirizados; se vai por ordem nos contratos suspeitos; se vai pressionar/dialogar/impor os/com/aos outros poderes para que reduzam despesas, cortem privilégios, economizem para que sobre mais dinheiro para investimentos.
Aliás, neste segundo turno, a palavra corrupção foi extinta dos discursos. O eleitor desconfia de que nada vai mudar. Está cansado de ouvir os mesmos políticos fazendo as mesmas promessas e os mesmos acordos com partidos, com empresas, com instituições que não têm compromisso com a maioria da população, ou seja, com aqueles que sustentam a economia nas costas.
Não precisa ser analista político ou cientista social para perceber que a população não dá ouvidos ao que se diz na propaganda eleitoral no rádio e na televisão. Muito percebem que os grupos polítocos são os mesmos. Ou menor: que os dois grupos políticos que ora disputam o governo do Amazonas formavam um só grupo bem pouco tempo atrás.
Aliado a isso, a eleição ou as eleições são regidas por uma legislação que engessa as campanhas; tole a crítica aos postulantes aos cargos públicos. Onde já se viu uma campanha eleitoral em que um candidato não pode usar o espaço e o tempo de propaganda eleitoral para apontar os erros do adversário? Estamos diante de uma legislação moldada pelos que sempre governaram o país. A lei muda a toda eleição para ser adaptada às vontades dos que querem se reeleger e manter-se no poder.
Não há compromisso com o eleitor. E o eleitor começa a perceber. E nesta eleição começa a reagir. Como os nomes não agradam, ele vai votar branco, nulo ou simplesmente se abster. Quem viver verá o resultado da eleição de domingo.
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