O mundo está estarrecido com a eleição de Donald Trump para presidir a maior potência econômica e bélica do Planeta. Imprevisível, retrógrado, machista, contra as minorias, radical, extremista são adjetivos usados pelos críticos do eleito para criticar os eleitores dos Estados Unidos que escolheram o republicano. Por que tanto medo? Por que Trump causa estranheza? No fundo, no fundo, o mundo queria Trump, o mundo clama por Trump.
Dias atrás ouvi uma conversa de um advogado e um empresário relembrando com saudade dos tempos de Klinger Costa na Secretaria de Segurança Pública do Amazonas, quando se popularizou em Manaus a frase “bandido bom é bandido morto”. Era o que ambos defendiam como solução para o aumento da criminalidade: matar os bandidos, ou melhor, que o Estado mate os bandidos ao invés de prendê-los, julgá-los e condená-los para que cumpram pena, como manda a lei.
O mundo inteiro começou há alguns anos a dar uma guinada à direita, a retroagir na garantia de direitos das chamadas minorias. O mundo é cada vez mais intolerante. Cresce a intolerância religiosa no Brasil e no mundo. Avançam as religiões que rejeitam os direitos fundamentais amplos. A Europa inteira mostrou seu lado xenófobo na recente e ainda fumegante migração de humanos afetados pelas guerras no Oriente. Recentemente a Colômbia, com os aplausos de muitos que torcem o nariz para Trump, rejeitou um acordo de paz com as Farcs (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
Ouvi nesta manhã de quarta-feira, 9, os comentaristas que apoiaram o golpe contra a ex-presidente Dilma Rousseff preocupados com o futuro do mundo, depois da eleição de Donald Trump. No Brasil recente, milhares de pessoas foram às ruas protestar e pedir a saída de uma presidente eleita pelo voto popular para colocar no poder Michel Temer, que leva o país numa direção que a história já mostrou que não dará certo. Temer privilegia no Orçamento da União o pagamento de uma dívida pública escandalosa, para engordar os abutres do mercado financeiro, e congela os gastos que poderiam levar bem estar à população.
Trump, portanto, não é mais do que a humanidade começou a desenhar nos anos recentes. E quem se assusta com ele, não consegue enxergar seu próprio umbigo. Para onde ele vai querer conduzir os Estados Unidos e o mundo é bem previsível, porque ele nunca escondeu suas opiniões. Para concretizar seus objetivos, no entanto, terá que convencer o Congresso de seu país, o que não parece difícil. O mais difícil era Trump se eleger. Com o poder nas mãos, nada será como antes.
Valmir Lima é jornalista, graduado pela Ufam (Universidade Federal do Amazonas); mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia (Ufam), com pesquisa sobre rádios comunitárias no Amazonas. Atuou como professor em cursos de Jornalismo na Ufam e em instituições de ensino superior em Manaus. Trabalhou como repórter nos jornais A Crítica e Diário do Amazonas e como editor de opinião e política no Diário do Amazonas. Fundador do site AMAZONAS ATUAL.
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Trump pode arregar.
Mas, isto não justifica, de fato, sua eleição.
Veja isto, Valmir. É um bom incentivo, como o teu texto, para continuarmos acreditando na coisa certa.
http://www.redebrasilatual.com.br/educacao/2016/11/cortella-temer-nao-so-foi-deselegante-como-mal-educado-3906.html
Um abraço.
http://www.conversaafiada.com.br/brasil/a-espantosa-passividade-do-brasileiro
Valmir, o que vc acha?