Da Folhapress
SÃO PAULO-SP – Diversas editoras de livros brasileiras estão se manifestando nesta sexta, 6, contra o anúncio do prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, de que censuraria exemplares do gibi ‘Vingadores – A Cruzada das Crianças’, expostos na Bienal do Rio, por conterem imagens de um beijo gay.
Acompanhados pelo subsecretário de operações da Secretaria Municipal de Ordem Pública, o coronel Wolney Dias, fiscais visitaram a feira para verificar a denúncia de que livros impróprios para menores de idade estariam à venda.
Poucas horas após a determinação, editoras foram às redes sociais protestar. Em comunicado divulgado à imprensa e publicado também na internet, a Companhia das Letras manifestou seu “repúdio a todo e qualquer ato de censura” e se posicionou “à favor da liberdade de expressão”.
“Posturas como a do prefeito Marcelo Crivella e do governador João Doria -que recentemente mandou recolher uma apostila escolar que falava sobre diversidade sexual- tentam colocar a sociedade brasileira em tempos medievais, quando as pessoas não tinham a liberdade de expressar suas identidades. Eles desprezam valores fundamentais da sociedade e tentam impedir o acesso à informação séria, que habilita os jovens a entrar na fase adulta mais preparados para uma vida feliz”, assina o fundador da empresa, Luiz Schwarcz.
A Galera Record, selo do Grupo Editorial Record, publicou uma foto com diversos livros de temática LGBT distribuídos por ela, como o vencedor do Pullitzer ‘As Desventuras de Arthur Less’. “Homofobia é crime e acreditamos que o papel do Estado é incentivar a leitura e não criar barreiras que marginalizem uma parcela da população que já sofre com a intolerância”, diz a nota. “Nossos livros estão à venda no estande e em todas as livrarias brasileiras, online e físicas. Vamos continuar lutando para que todos os jovens se vejam representados em nossas histórias”.
De forma semelhante, a Intrínseca compartilhou imagens de livros de seu catálogo, como ‘Me Chame pelo Seu Nome’, ‘Com Amor, Simon’ e ‘E Se Fosse a Gente?’. “Em um mundo que nega nossa existência, os livros nos mostram a beleza de ser quem somos”, diz a publicação.
A Todavia escreveu que continuará “publicando e vendendo livros que exprimem nossa visão plural de mundo e do Brasil, direito esse amparado pela Constituição”. Dedicada ao público infantojuvenil, a Plataforma 21 diz que “a arte está sob ataque” e que “os livros e a literatura são a mais valiosa arma para vencer preconceitos e acabar com a desinformação”.
Já a Quimera Produções Literárias compartilhou imagem na qual se lê “aqui não acreditamos em censura”.