MANAUS – Para depor do poder a presidente Dilma Rousseff, a quem os empresários paulistas do setor industrial acusavam de destruir a economia do país e elevar a carga tributária, a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) criou um símbolo que ganhou as ruas durante os protestos verde-amarelo que tomaram conta das ruas do país em 2016: o pato. Um pato gigante que desfilava na Paulista, em frente à sede da federação.
O slogan da Fiesp era “Não vamos pagar o pato!”. Quando Dilma caiu, com o impeachment, a Fiesp comemorou o “golpe” – como os petistas batizaram o impeachment – e passou a elogiar o novo presidente e sua equipeconômica. Temer prometia o paraíso para as empresas, o que incluía o não aumento de impostos. Foi aplaudido quando enviou ao Congresso Nacional a emenda à Constituição que congelou os investimentos sociais por 20 anos.
Agora, sem conseguir alavancar a economia, como prometia, e com uma popularidade próxima à lama, Temer resolveu, por decreto, aumentar impostos. E justamente sobre os combustíveis, o que tem um impacto direto na produção, nos transportes e nos serviços.
Na quinta-feira, 27, a Fiesp divulgou uma nota com o titulo “O que é isso, ministro? Mais imposto?” e se disse indignada. No entanto, não disse que não iria pagar o pago. Não disse, porque empresário nunca pagou o pato. A balela do pato era um pretexto de quem apoiava a deportação de Dilma para colocar no poder um grupo de que Paulo Skaf, o presidente da Fiesp, faz parte.
A nota da Fiesp dá uma pista de quem vai pagar o pato: quem sempre pagou. O aumento de imposto, segundo a entidade, “recai sobre a sociedade, que já está sufocada, com 14 milhões de desempregados, falta de crédito e sem condições gerais de consumo”.
Não seria a hora de inflar o pato e convocar a militância para ir às ruas, senhor Skaf?
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