Da Redação
MANAUS – A disputa pelo cargo de conselheiro do CFM (Conselho Federal de Medicina) no Amazonas, cuja eleição ocorreu nos dias 27 e 28 de agosto, terminou com um BO (Boletim de Ocorrência) registrado no 17° Distrito Integrado de Polícia contra o presidente do CRM (Conselho Regional de Medicina do Amazonas), José Bernardes Sobrinho. Os médicos Mário Vianna, Patrícia Sicchar e Mackson Oliveira acusam Sobrinho de praticar crimes de racismo, injúria e quebra de sigilo ético.
Sobrinho apoiou a chapa encabeçada por Ademar Carlos Augusto e Nivaldo Amaral de Souza, que venceu a eleição com 1.378 votos. A chapa vencedora disputava os cargos de conselheiro federal efetivo e suplente do CFM com Mário Vianna, que denuncia Sobrinho por quebra de decoro, e José Francisco dos Santos. Vianna registrou reclamação contra Sobrinho no CRM e no CFM, em Brasília.
De acordo com o boletim de ocorrência n° 19.E.0336.0001740, no dia da eleição, Sobrinho fez várias acusações contra a chapa de Mário Vianna e, ao ser contestado, o presidente do CRM “reagiu de forma agressiva” o chamando de “vagabundo”. Conforme Vianna, Sobrinho agiu com quebra de sigilo ético ao afirmar que ele sofreu um processo ético no CRM.
Vídeo divulgado pelo Simeam (Sindicato dos Médicos do Amazonas) na quinta-feira, 19, mostra o bate-boca entre José Bernardes Sobrinho e o médico Mackon Oliveira no dia 27 de agosto. No vídeo, Oliveira se aproxima de Sobrinho, que estava conversando com três pessoas, e diz que ele “nunca participou de manifestação” e que está “fazendo campanha arbitrária”. Segundo o Simeam, Sobrinho xingou Mackson com palavra de baixo calão.
Em outra gravação divulgada pelo Simeam, Mackson Oliveira se dirige a Sobrinho afirmando que “o Conselho está acabado” e que “tem que renovar”. Sobrinho responde: “Acabado tá tua cara! Acabado tá teu cu!”. O manifestante rebate: “O senhor tem que se dar o respeito”, e o presidente do CRM diz: “Você não dá, você que é um imbecil!”.
A médica Patrícia Sicchar, diretora do Simeam, que acusa Sobrinho de praticar crime de racismo, afirma que o presidente do CRM a chamou de “suja”. Para ela, ele a tratou de forma discriminatória e ofensiva referindo-se à sua cor de pele. “Ele olhou para mim com expressão de nojo e me chamou de suja, você é suja”, afirmou.
Procurado pela reportagem, o CRM enviou nota assinada pelo secretário geral Emanuel Thomaz de Lima afirmando que a direção tomou conhecimento “de uma série de acusações envolvendo” o presidente da autarquia relacionadas ao processo eleitoral para conselheiro federal. O CRM informou que adotará as providências cabíveis para apurar a veracidade dos fatos.