Por Teófilo Benarrós de Mesquita, do ATUAL
MANAUS – Neste domingo (2), os brasileiros escolherão 1.059 deputados estaduais e distritais, 513 deputados federais, 27 senadores, 27 governadores e o presidente da República. São 156.454.011 de eleitores aptos a escolher os eleitos. Este ano a polarização entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Messias Bolsonaro (PL) marca a disputa para o palácio do Planalto. O duelo foi adiado em 2018, após Lula, que era pré-candidato, ser preso em abril. Foi substituído por Fernando Haddad (PT), derrotado por Bolsonaro no segundo turno.
Lula foi solto em novembro de 2019, após ficar 580 dias na prisão. Desde então começou a trabalhar a candidatura para voltar à Presidência que ocupou por dois mandatos seguidos, de 2003 a 2010. Apareceu em primeiro lugar em quase todas as pesquisas desde o ano passado. Nesta reta final de campanha, as sondagens apontam crescimento. Há quem aposte em chance de vitória no primeiro turno.
Para o cientista social Leonardo Rossatto, embora haja a possibilidade do pleito presidencial ser decidido no primeiro turno, a polarização e o equilíbrio na preferência do eleitorado tornam difícil arriscar com segurança a vitória de Lula neste domingo.
“A hipótese é plausível. As pesquisas estão no limite para isso, e o debate da Globo não deve mudar isso. Então, tudo vai depender do direcionamento do eleitor nas últimas horas antes da eleição. Se ele for pelo voto útil, acaba no primeiro turno. Se for antipetista, o segundo turno é provável. Mas é impossível cravar qualquer coisa”, diz Rossatto.
A polarização em um universo com 11 candidaturas reduz as opções de escolha do eleitorado, na avaliação do cientista social. “A disputa acaba sendo entre dois projetos, com a antecipação do segundo turno. Com a alta rejeição de Bolsonaro, a eleição acaba sendo plebiscitária: os bolsonaristas votam nele enquanto os anti-bolsonaristas votam no candidato anti Bolsonaro mais viável (que no caso é Lula)”, diz.
Uma possível explicação para a polarização, de acordo com Rossatto, é a cultura decana do eleitor brasileiro, de preferir escolher quem tem mais chance de vitória ou até mesmo quem está à frente nas pesquisas de intenção de votos, como forma de ‘valorizar seu voto’.
“Isso acontece em todas as eleições e é um movimento comum de acomodação, especialmente nos últimos dias. Deve acontecer novamente esse ano, embora de forma mais reduzida por conta dos poucos votos indecisos detectados nas pesquisas”, explica.
Pesa também o fato da fidelidade dos eleitores dos candidatos que polarizam as preferências. “Ambos os eleitores (de Lula e Bolsonaro) são extremamente fiéis. Mais de 90% estão decididos e as pesquisas detectaram isso já”, diz Rossato.
Por outro lado, o índice de decisão de eleitores dos demais candidatos é menor, afirma Rossatto, “especialmente entre os eleitores de Ciro Gomes [PDT] e de Simone Tebet [MDB], que parecem mais propensos a mudar de voto para a eleição terminar no primeiro turno”.
Rossatto afirma que nem as tentativas do atual presidente Jair Bolsonaro em desacreditar o sistema eleitoral brasileiro, com declarações que colocam em dúvida a autenticidade das urnas eleitorais, vai inibir os eleitores de exercer o direito de votar.
“Vários indicativos mostram que a abstenção esse ano deve ser mais baixa que nas eleições anteriores. O número recorde de pessoas que tiraram título de eleitor, o baixo índice de brancos e nulos na pesquisa, a alta procura pelos sistemas do e-título do TSE. Não é a ameaça de Bolsonaro que vai inibir a votação. Nem mesmo entre os bolsonaristas isso deve acontecer”, explica o cientista social.
Com o crescimento de Lula nas sondagens eleitorais, combinadas com a estagnação de Ciro e Simone, a coordenação de campanha do petista passou a incentivar o voto útil. Personalidades foram mobilizadas, postando em suas redes sociais, depoimentos em favor de Lula, para abreviar a eleição.
“O voto útil pode decidir a eleição. É um fenômeno que não é desprezível. Existe sempre uma acomodação tardia de votos e todos os indícios de momento mostram que essa acomodação pode favorecer Lula. Só não é possível saber se vai ser suficiente pra ganhar no primeiro turno”.
Artistas como o cantor e compositor baiano Caetano Veloso e o roqueiro Tico Santa Cruz, e o youtuber Felipe Neto, eleitores de Ciro Gomes, gravaram vídeos para as redes sociais na defesa do voto útil, com declaração de voto a Lula.
Horário unificado
As eleições terão horário unificado. Estão marcadas para ocorrer das 8h às 17h, pelo fuso de Brasília. Em Manaus e mais 48 cidades do Amazonas, as seções eleitorais ficarão abertas das 7h às 16h.
Nos municípios situados na região sudoeste do Estado, o horário de funcionamento dos locais de votação vai das 7h às 15h.
Seguirão esse horário Atalaia do Norte, Benjamin Constant, Boca do Acre, Eirunepé, Envira, Ipixuna, Tabatinga, Guajará, São Paulo de Olivença, Jutaí, Itamarati, Pauini e Lábrea.
Com a medida, há a expectativa de antecipar o horário da totalização dos votos e a divulgação dos resultados.
Em pleitos anteriores, após a totalização dos votos dos estados que seguem o fuso horário de Brasília, ainda era necessário aguardar a finalização de estados de Roraima, Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e maioria das cidades do Amazonas (uma hora de diferença) e dos municípios do Acre e parte do Amazonas (duas horas). Só então o resultado era oficializado pelo TSE.