Da Redação
MANAUS – Desorganização na área de desembarque do Aeroporto Internacional de Manaus Eduardo Gomes tem gerado reclamações entre motoristas de aplicativos, taxistas e usuários. A falta de fiscalização, sinalização e a diferença na quantidade de vagas para as diferentes modalidades de transporte ocasionam o problema.
Quando passam pelos portões da área de desembarque no subsolo, os passageiros se deparam com vários táxis enfileirados em vagas demarcadas para esses veículos. Mas alguns esperam um familiar, amigo ou motorista de aplicativo de corrida para partir.
Esses outros veículos param na via, formando fila dupla de carros. Foi o que ocorreu com a arquiteta Nadia Paiva, de 40 anos, que chegou de Brasília no último domingo (31), às 10h30.
“Não tem um lugar para o cidadão parar um carro particular. Eu não estava esperando carro de aplicativo, estava esperando um carro particular, do meu filho”, contou.
Nadia afirma que quem está dirigindo vê as demarcações no chão e não para. “Por exemplo, se alguém for te buscar agora, onde é que ele vai parar? Porque um é carga e descarga e os outros são tudo táxi especial”, reclamou.
No posto da Amazonastur (Empresa Estadual de Turismo do Amazonas), é informado que o primeiro do portão do subsolo, no sentido de quem entra no aeroporto, é destinado aos passageiros que pegam carros de aplicativos ou particulares. Porém, não há sinalização comunicando isso.
O motorista de aplicativo Frank Souza, 45 anos, diz que grande parte dos passageiros não sabe do portão.
“Geralmente eles [passageiros] ficam lá atrás. Porque eles querem livre escolha. Quando chegam, tem carros enfileirados dos taxistas. O que acontece? Eles não saem lá no portão próprio que é para os aplicativos, que eu acho que falta caracterizar”, disse.
Frank relata que os motoristas de aplicativos param no primeiro portão, mas os passageiros ficam onde há vagas destinadas aos taxistas. “Eu já cheguei a pegar passageiro na faixa de pedestre, porque os táxis estão enfileirados lá”, disse.
O motorista diz que o período que costuma congestionar a área de desembarque é entre 10h e 12h e que alguns passageiros preferem ir para a área superior de embarque para partirem.
Frank considera que a quantidade de vagas para táxis no aeroporto prioriza essa categoria de transporte. “Vamos dar direitos iguais. Porque senão eles [taxistas] ficam muito cheio de direitos e querem ainda questionar com a prefeitura para nos taxar. Tudo bem, vamos taxar, mas vamos ter os mesmos direitos”, afirmou.
No aplicativo de corrida, Frank simulou uma corrida para o Centro de Manaus, que na ocasião ficou em R$ 28,80. “Aqui ainda vai pagar, dependendo da variação do passageiro, para a plataforma uns 30%, 20%”, disse. No posto da Coopertaxi (Cooperativa dos Motoristas de Táxi do Aeroporto Eduardo Gomes), foi informado que uma corrida para o Centro o preço varia de R$ 60 a R$ 70.
João Bezerra, de 63 anos, é taxista há 40 anos e trabalha há 28 anos no aeroporto de Manaus. Ele relata que não impedem que motoristas de aplicativos trabalhem no local, mas afirma que os taxistas não são respeitados.
“Isso está determinado só para táxi. O que é que eles fazem? Param na lateral aqui na fila dupla. A gente está com passageiro dentro do carro, quer sair e eles fazem corpo mole, querem brigar. Porque sabem que se fizermos confusão aqui só vai sobrar para a gente que trabalha aqui”, contou.
Bezerra conta que com o voo de São Paulo, que traz mais pessoas, fica um tumulto na área de desembarque.
“Então eles têm que ter mais educação e parar no lugar deles que foi determinado para pararem lá no portão A, lá atrás. Eles nunca obedecem. Aí os passageiros ficam tudo aqui esperando. O passageiro já sabe que é portão A e fica tudo aqui”, reclamou.
Taxistas afirmaram ao ATUAL que a confusão começou depois que o IMMU (Instituto Municipal de Mobilidade Urbana) deixou de fazer fiscalização no local. Os trabalhadores contam que os agentes de trânsito organizavam o fluxo de carros e passageiros e as multas coibiam irregularidades.
Veja reportagem em vídeo sobre o assunto
O que diz o Aeroporto
À reportagem, a direção do aeroporto de Manaus, administrado pela Vinci Airports, informou que há mais vagas para táxis porque os taxistas têm contrato com a administração de prestação do serviço no local, e as empresas de transporte por aplicativos, não.
De acordo com a administração, a obrigação de fiscalizar e manter organizado todo o fluxo na via em frente ao terminal de passageiros é do IMMU, por ser uma via pública.
Em nota, a Concessionária dos Aeroportos da Amazônia informa que, desde que assumiu a administração do aeroporto de Manaus, em janeiro deste ano, deu início às tratativas para a estruturação de um novo termo de cooperação com o IMMU e trabalha na atualização do plano de mobilidade do terminal.
“Destaca-se que já ocorreu uma reunião inicial com representantes do órgão para basear a estruturação do novo plano, que, assim que concluído, será encaminhado para análise do órgão competente”, diz a nota.
O que diz o Immu
Em nota, o IMMU informou que, para atuar nas dependências do Aeroporto Eduardo Gomes, precisa de um termo de cooperação com a a atual gestora do local. Segundo o órgão, o termo mais recente foi firmado com a Infraero, antes da privatização do aeroporto, e teve vigência até abril de 2021, não sendo renovado desde então.
Em recente reunião com representantes da empresa responsável, ficou acordado o envio de um projeto de sinalização para ser apreciado pelo IMMU. O órgão afirma que o plano atual de mobilidade do aeroporto é inadequado para atender as necessidades do espaço e, por isso, aguarda projeto para análise.
O IMMU esclareceu que, até o momento, responde somente pela fiscalização da Avenida Santos Dumont, que dá acesso ao aeroporto.