Da Redação
MANAUS – A vulnerabilidade ambiental da Amazônia, provocada por ações como desmatamento e destruição de ecossistemas, pode levar ao aparecimento de outras epidemias com o surgimento de novas doenças ou o ressurgimento de doenças antigas, alertam pesquisadores de três instituições do Brasil e uma do Canadá.
Em artigo publicado recentemente na Genetics and Molecular Biology (Revista Brasileira de Genética), estudiosos mostram que as ações degradantes que o bioma vem sofrendo são um risco à saúde das populações.
Intitulado Complexidades emergentes e omissão crescente: contrastes entre contextos socioecológicos de doenças infecciosas, pesquisa e política no Brasil, o trabalho foi feito por Leandro Luiz Giatti, Ricardo Agum Ribeiro, Alessandra Ferreira Dales Nava e Jutta Gutberlet.
A pesquisadora Alessandra Nava, da Fiocruz Amazônia (Fundação Oswaldo Cruz), destaca dentre os principais fatores que podem contribuir para o surgimento de doenças, “o desmatamento envolvendo processos de fragmentação florestal e a conversão do uso da terra como, por exemplo, transformar um lugar que antes era uma floresta em uma mineradora, hidrelétrica ou plantação de soja ou pasto”.
Nava complementa: “a caça de animais silvestres e comércio ilegal também são fatores que podem contribuir para o surgimento de novas doenças e ressurgimento de outras”, diz.
De acordo com Alessandra Nava, algumas medidas podem ser tomadas para se evitar uma nova tragédia na saúde pública, e essas providências passam pela adoção de novas condutas políticas. “Proteção aos nossos biomas, parar o processo de desmatamento, e caça comercial e esportiva. Reforçar os órgãos de proteção e ter o entendimento de que a floresta em pé presta serviços importantíssimos à viabilidade da vida no planeta”, diz.
O artigo foi publicado na Genetics and Molecular Biology, volume 44, 2021, da Faculdade de Saúde Pública, da USP (Universidade de São Paulo). Os autores são de quatro instituições de ensino e pesquisa: Leandro Luiz Giatti (Universidade de São Paulo), Ricardo Agum Ribeiro (Instituto Federal de Rondônia), Alessandra Dales Nava (Fiocruz Amazônia) e Jutta Gutberlet (University of Victoria, BC, Canadá).