Por Marcelo Moreira, do ATUAL
MANAUS – A desinformação atrasou a vacinação de crianças contra a Covid-19 no Brasil, mostra pesquisa do Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica) divulgada pela Pfizer. Segundo o estudo, dos 2.372 pais ou outros responsáveis, 67% (1.589) disseram ter recebido notícias falsas sobre vacinação contra a doença.
Conforme o levantamento, 35% (830) confirmaram que a desinformação influenciou na decisão sobre vacinar ou não os filhos. Os entrevistados são pais de crianças de 0 a 14 anos.
A sondagem mostra também que 83% (1.968) dos entrevistados afirmaram ter procurado mais informações sobre o assunto em postos de saúde, canais do governo, imprensa, clínicas de vacinação e nas redes sociais.
Entre as pessoas ouvidas, 59% (1.399) disseram estar preocupados com a Covid-19, mas desses, 31% (735) não acreditam que a vacina protege crianças ou adolescentes das formas graves da doença. Também chama atenção a resistência ao imunizante: 14% (332) disseram que jamais levarão as crianças para serem vacinadas.
Outro ponto abordado pela pesquisa é sobre o índice de pais que não acreditam no ciclo vacinal completo: 66% (1.565) disseram confiar apenas nas primeiras doses do imunizante. Mas, conforme o Ministério da Saúde, para que haja a eficácia esperada todas as doses da vacina precisam ser tomadas de acordo com a liberação da Anvisa.
Eficácia incontestável
“Sabemos, há muito tempo, a importância das vacinas para o controle de doenças para as quais elas existem. Como exemplo podemos falar da vacina contra hepatite B, hepatite A, poliomielite, entre outras. A eficácia dessas vacinas é incontestável na prevenção e consequente controle dessas doenças”, disse o infectologista Noaldo Lucena ao rebater pais que não vacinam os filhos.
“É preciso lembrar que é fundamental fazer o número de doses recomendadas pelo Ministério da Saúde. Estudos recentes mostram que três doses parecem ser suficientes e eventuais atualizações anuais, semelhante à vacina contra influenza” completou.
Inventivo à imunização
A jornalista Jackeline Lima, mãe do pequeno Leandro Lima, de 2 anos de idade, faz parte de um grupo de pais que defende a vacinação infantil no Amazonas. Ela conta que chegou a ouvir relatos de outros pais que também negavam o imunizante.
“Eu ouvi muitos casos de pessoas falando que não vão vacinar os filhos porque diziam que se vacinar ia dar AVC, outra coisa, enfim. Inventam de tudo. Infelizmente, essas pessoas são vítimas das notícias falsas. Elas não procuram saber a fonte da informação que chega até elas. Elas só vão pelo caminho que é conveniente”, disse.
O Leandro completou o esquema vacinal contra a Covid-19 com todas as três doses disponíveis para o público que ele faz parte. A mãe da criança faz um alerta para os pais que decidiram não levar os filhos para serem imunizados.
“Qualquer pessoa que tire um minuto do seu tempo para pesquisar como era a vida antes das vacinas e como ficou depois, ficará bem claro a importância da adesão ao imunizante. Espero que todos os pais revejam as fontes de informação que eles consomem e priorizem a saúde dos filhos”, afirmou.
No Amazonas, a vacinação contra a Covid-19 para crianças ainda não atingiu a meta do Ministério da Saúde, que é de 95%. De acordo com a FVS (Fundação de Vigilância em Saúde), apenas 35,7% do público de seis meses a 11 anos está vacinado com as duas primeiras doses contra a doença.