Em tempos de pandemia do novo coronavírus coincidente com a pandemia de pós-verdade e fake news, é essencial adotar algumas medidas preventivas para não cair nas armadinhas da desinformação, da manipulação e outras formas de insegurança informacional.
A primeira delas é manter a mente aberta, cuidar da saúde mental e cultivar o discernimento autônomo e lúcido, disposto à criticidade, evitando deixar-se tutelar ou manobrar por dogmas, mitos, discursos de ódio, ideologias autoritárias e obscurantistas como as do inimigo, de fanatismos de raça, classe e outras intolerâncias.
Em seguida, é providência importante tentar escapar do superficialismo e de seus artifícios retóricos ao tratar de temas relevantes cruciais, que requerem conhecimento mais consistente. Muito frequentemente ouvem-se opiniões, palpites, até mesmo arroubos de ódio, promessas de violência e outros venenos oriundos de indivíduos e grupos que sequer sabem do que estão tratando. Baboseiras, ora cômicas ora preconceituosas ora autoritárias, sempre desonestas e superficiais, sobre capitalismo, socialismo, comunismo, socialdemocracia, liberalismo, indígenas, meio ambiente, ciência, vacina, forma da terra etc. É irreparável perda de tempo dar ouvidos à manipulação e a manobras que visam apenas o exercício da dominação autoritária. Para escapar à tirania da guerra das desinformações e das fraudes informacionais, venha ela de onde vir, é essencial estar bem fundamentado e sempre conferir as fontes. Melhor ler bons livros e buscar informações em veículos com alguma consistência.
Outra medida substancial nestes tempos de desprestígio da verdade e de insegurança informacional, em que os fatos são relativizados em favor das emoções e de versões superficiais ou supersticiosas, é procurar dar mais ouvidos às ciências, tanto naturais quanto sociais, do que às fake news e outras desinformações, manipulações e polarizações delirantes ou convertidas em objeto de fanatismo ideológico, religioso, político e econômico.
Nesse contexto de distanciamento e isolamento social, é recomendável ainda tratar da ansiedade e da qualidade da saúde mental. Lembrar que a quarentena e o isolamento físico não precisa ser tempo de censura, limitação intelectual e adoecimento mental. É preciso estar atento e não se deixar levar simplesmente pela pressa e pelo pragmatismo que caracteriza esse tempo hiperconectado e interativo.
Praticar a reflexão, a meditação, a higiene mental e emocional, a fim de proteger a acuidade cognitiva e o lúcido discernimento, é relevante para não sermos vítimas nem presas fáceis da guerra das desinformações em curso, operadas pelas fake news, golpes virtuais, fraudes digitais, facções de ódio, violência e todo tipo de insegurança simbólica.
A íntegra busca pelo conhecimento e pela ciência com responsabilidade ética e honestidade intelectual também pode iluminar as sombrias trilhas de um tempo de líquido e incerto, que caracteriza a Era pós-moderna, e atenuar os efeitos do obscurantismo, das guerras de desinformação e da insegurança informacional, velhas ferramentas empregadas pelas reincidentes tendências autocráticas e autoritárias.
Por fim, num tempo em que a mentira, a fraude informacional e a manipulação simbólica ganharam status de verdade para favorecer as disputas pelo poder e o exercício da dominação a qualquer custo, é fundamental adotar medidas de proteção à saúde, ao meio ambiente, à cognição, à cidadania, à democracia e à dignidade da pessoa humana.
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