Da Redação
MANAUS – A Polícia Civil do Amazonas prendeu nessa quinta-feira, 22, as irmãs Gleice Cristina Queiroz Reis, 34; Mônica Regina Queiroz Reis, 36; e Sheila Patrícia Queiroz Reis, 40, por estelionato. O delegado Guilherme Torres, da Delegacia Especializada em Roubos, Furtos e Defraudações, disse que elas vendiam casas fantasmas com o projeto ainda na planta de um residencial fictício no bairro Tarumã, zona oeste da capital. Com as fraudes, o trio obteve R$ 2 milhões, segundo o delegado.
De acordo com Guilherme Torres, as irmãs compraram um terreno avaliado em R$ 10 milhões, mas só pagaram R$ 500 mil. O restante foi em cheques sem fundos. Posteriormente, passaram a vender cada casa na planta por R$ 400 mil em um condomínio denominado ‘Lótus Tarumã’, na Avenida do Cetur.
O delegado adjunto Queiroz disse que a entrega do suposto residencial estava prevista para o final de 2018, porém no endereço não há nenhuma obra. Queiroz disse que até o momento comparecerem sete vítimas que registraram Boletim de Ocorrência e, somados, o valor totaliza R$ 900 mil.
“Inúmeros clientes estavam esperando a entrega do empreendimento para o ano passado. Então, não tem nada lá, apenas uma casa modelo e o terreno capinado, vamos dizer assim. Então, elas não têm obra, não tinham nem licença para construir, estavam vendendo antecipadamente. Inclusive elas aceitavam carros, casas e qualquer outro bem como parte do pagamento”, disse Queiroz.
Conforme Demetrius Queiroz, acredita-se que há mais vítimas. “As vítimas viram que caíram num golpe, procuraram a nossa delegacia. Já temos sete registros, mas estimamos que ao todo elas conseguiram vender 15 casas. Então movimentaram aí cerca de R$ 5 milhões provavelmente, fora o valor do terreno que elas enganaram as vítimas”, disse. “Inclusive elas tiraram do local o stand de vendas onde faziam as vendas dos imóveis”.
Grace Benayon, advogada dos donos do terreno adquiridos pelas irmãs, alega que os proprietários nunca foram pagos e estão no prejuízo. “É muito importante que a gente entenda a gravidade da situação. Na medida em que meus clientes, por exemplo, moravam há mais de 20 anos nesse propriedade. Elas conseguiram convencê-los de sair, morar de aluguel e hoje estão morando de aluguel. Perderam absolutamente tudo e estão nessa situação gravíssima”, relatou.
A advogada encara a ação como procedente de um grupo criminoso experiente. “Realmente se trata de uma quadrilha, são estelionatários profissionais. É um grupo econômico familiar, onde não me parece ser a primeira vez aonde eles atuaram. Porque o modus operandis e a frieza com que elas tratam essa questão é espantosa”, disse Grace Benayon.
De acordo com Benayon, uma fuga já estava esquematizada. “Mais grave do que isso, ela conseguiu vender, enganar essas pessoas. Estava se preparando para fugir, já havia demitido todos os funcionários da empresa. Portanto, realmente são pessoas da mais alta periculosidade”, destaca a advogada.
A irmã mais velha, Sheila Patrícia Queiroz Reis, diz que é a engenheira responsável pelo projeto e se defende afirmando que foi enganada na compra do terreno. “Hoje, o meu problema com essa advogada que estava falando aqui agora é porque ela me vendeu um terreno dos clientes dela no qual constava 64 mil metros quadrados e quando ela solicitou uma perícia, comprovou-se que dos 64 mil metros que ela me vendeu de posse só tinham 27 mil metros”, alegou Sheila. “Tanto que a gente está brigando em juízo para tentar resolver uma parte do terreno. Então, a nossa empresa teve que comprar uma outra parte do terreno de uma outra empresa lá no qual a gente está instalando, a gente está trabalhando”, completa.
Sheila disse ainda que se sair da prisão, voltará para as supostas obras. “Eu vou trabalhar lá, eu vou ‘tá’ lá. Se eu sair daqui segunda-feira eu vou ‘tá’ lá. Por culpa da licença só que foi o motivo do atraso”, afirma.
O delegado Demetrius Queiroz orienta que as pessoas que suspeitarem do golpe procurem a Derfd. “Se tiver mais vítimas que estiverem assistindo e reconhecerem, forem compradoras desse residencial Lótus tem que nos procurar, registrar a ocorrência e trazer toda documentação de compra, venda, tudo que foi tratado”, informa.
Prisões
Conforme Demetrius Queiroz, a prisão de Gleice e Sheila ocorreu no condomínio Portugal, no conjunto Parque das Laranjeiras, bairro Flores, zona centro-sul de Manaus. Monica foi presa em um residencial Vitalli, no bairro Alvorada, zona centro-oeste.
Procedimentos
Gleice, Monica e Sheila foram indiciadas por estelionato. Ao término dos procedimentos cabíveis na Derfd, serão encaminhadas para o CDPF (Centro de Detenção Provisória Feminino), onde permanecerão à disposição da Justiça.
(Colaborou Aldizângela Brito)