Por Felipe Campinas, do ATUAL
MANAUS – O delegado Temístocles Alencar, da Delegacia de Acidentes de Trânsito de Manaus, atribuiu quatro crimes a Leonardo Oliveira Santos, de 21 anos, suspeito de envolvimento no acidente que resultou na morte da auxiliar de serviços gerais Andreia Trindade. O acidente ocorreu no dia 26 de dezembro de 2022, na Avenida Coronel Teixeira, zona oeste de Manaus.
No relatório final da investigação enviado na segunda-feira (30) à Vara Especializada de Crimes de Trânsito da Comarca de Manaus, o delegado indicia o rapaz pelos crimes de homicídio simples, lesão corporal culposa de trânsito (quando não há intenção), fuga do local do acidente e omissão de socorro.
Com a finalização do inquérito, caberá ao MP-AM (Ministério Público do Amazonas) decidir se denuncia ou não o rapaz.
Leonardo está em liberdade. No dia 28 de dezembro, a Polícia Civil pediu a prisão preventiva dele. O delegado sustentou que o rapaz conduzia o veículo em “estado de sonolência”, “desprezando qualquer resultado que pudesse advir de sua conduta, sendo indiferente ao bem jurídico tutelado no caso em questão a vida de quem quer que fosse”.
O requerimento, no entanto, ainda não foi analisado até esta quarta-feira (1).
No dia do acidente, a mulher esperava o ônibus para ir ao trabalho quando foi atropelada por uma picape Hilux, da marca Toyota, e morreu esmagada contra um poste.
O marido dela, Edson Reis, também foi atingido pelo veículo e teve ferimentos. Ele disse aos investigadores que Andreia tentou correr quando a picape invadiu a área do ponto de ônibus e arrancou a primeira coluna da parada, mas foi atingida com estilhaços de vidro, caiu e, em seguida, foi atingida pelo carro.
Ainda conforme Edson, após atropelar as vítimas, o carro “parou poucos metros adiante, onde ficou parado um ou dois minutos”, mas em nenhum momento o condutor desceu do veículo para prestar socorro, apenas seguiu em frente com velocidade. As imagens que circulam nas redes sociais confirmam que o rapaz não ajudou as vítimas do atropelamento.
No relatório final, o delegado afirma que Leonardo dormiu ao volante e perdeu o controle da caminhonete que conduzia. Segundo Alencar, desgovernado, o veículo “atingiu em cheio a vítima que estava em uma parada de ônibus, deixando-a gravemente ferida”. A mulher não resistiu aos ferimentos e morreu na hora. O rapaz fugiu do local sem prestar socorro à vítima.
Alencar considerou depoimentos de Leonardo Santos, que negou ter ingerido bebida alcóolica naquela madrugada. O rapaz alegou que havia participado de uma “reunião familiar” na casa de um amigo e, por isso, ficou cansado. Ele disse que no momento do acidente estava indo para casa, pois ainda teria que se preparar para ir ao trabalho, mas dormiu no volante.
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O delegado considerou ainda o depoimento do pai do jovem, o empresário Adauto do Carmo Santos Júnior, que disse à polícia que o filho teria uma reunião de trabalho naquela manhã e, por isso, acordou cedo. Leonardo trabalha na empresa do pai controlando as compras e contratos.
O empresário reforçou que o filho dormiu ao volante e que “seu filho não faz uso de bebidas alcoólicas”.
A polícia também ouviu o responsável pela festa que Leonardo participou, um empresário identificado como “Jackson”, que afirmou ser amigo do rapaz há três anos. Ele disse que Leonardo passou a festa conversando sobre diversos assuntos, mas não ingeriu bebida alcoólica.
O delegado disse que pediu ao Instituto de Criminalística do Amazonas perícias no local do acidente, no DVD contendo as imagens do acidente e no DVD contendo as imagens do circuito interno do elevador do condomínio onde Leonardo mora. Os laudos, no entanto, ainda não forem entregues, segundo Alencar.
Apesar da falta de documentos, Alencar disse que as provas colhidas até o momento apontam evidências suficientes para que o MP avalie as medidas a serem adotadas.
“Com base em todo o reportado, findo o trabalho da Polícia Judiciária referente ao caso em tela e encontradas evidências dignas de nota e capazes de preencher a estrutura jurídica necessária a opinio delicti do ilustre representante do Ministério Público, desta forma , determino a remessa do presente relatório para apreciação do Poder Judiciário, aguardando a douta manifestação do Parquet”, diz trecho do relatório final.