Por Jullie Pereira, da Redação
MANAUS – Das três notícias sobre sequestros de crianças em Manaus nas redes sociais, duas são falsas e uma é de desaparecimento, disse a delegada Joyce Coelho, da Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente, ao classificar os casos de fake news. O desaparecimento foi de Erlon Gabriel Costa, na última quinta-feira, 6, no bairro Tarumã- Açu, zona oeste de Manaus.
As notícias falsas estariam atrapalhando o andamento do caso de Erlon Gabriel, disse Coelho. “Nós não tivemos muitos avanços no caso do Erlon Gabriel Costa. É um caso muito complexo. A gente já começou a avaliar desde um envolvimento de traficantes no desaparecimento dessa criança, desde um falso sequestro para pedir dinheiro. Nada disso se confirma. Fizemos uma busca no local, já indo na linha de que essa criança caiu no rio que é próximo da casa dele”, disse Joyce Coelho.
Os registros de desaparecimento envolvem 20 pessoas e, segundo a delegada, são reabertos quando surgem novas pistas. Neste ano o único caso de desaparecimento é o do Erlon Gabriel. Ano passado nenhum foi registrado, segundo a delegada. Coelho disse que quando esses casos ‘complexos’ são encerrado sem um resultado, eles são classificados como ‘desparecimentos enigmáticos’.
Os outros dois casos que estavam sendo divulgados nas redes sociais também foram esclarecidos pela delegada. Uma garota de nove anos, residente do bairro Colônia Antônio Aleixo, supostamente teria sido sequestrada, mas a delegada explicou que na verdade a criança fugiu de casa porque sofria exploração sexual e exploração de trabalho infantil. “Ontem nós escutamos essa vítima aqui na delegacia e de fato ela vive uma situação de vulnerabilidade extrema. Essa criança pede dinheiro nos sinais e está sendo explorada por uma pessoa no Colônia Antônio Aleixo e acabou fugindo. No momento, ela está num abrigo definitivo, ela não tem condições de ficar no bairro”, explicou a delegada.
Sobre o segundo caso que estava sendo divulgado, nem mesmo um boletim de ocorrência foi registrado. Coelho disse que não passou de uma ‘travessura’. “Foi mais uma travessura de duas crianças que saíram da escola, foram para a Ponta Negra, para o shopping, pediram dinheiro na frente do shopping porque queriam lanchar e depois contaram a verdade. Não são crianças mentirosas, assim que chegaram em casa contaram para as mães e as mães se sentiram obrigadas a relatar o que de fato aconteceu”, disse.
A delegada pede que as imagens de crianças não sejam divulgadas e alerta sobre a gravidade do crime. “A imagem da criança sempre deve ser preservada, isso (divulgação) fere dispositivo legal e quem ferir dispositivo legal vai responder, nós vamos notificar as pessoas que fizeram exposição das imagens das crianças assim como já fizemos a comunicação para o Ministério Público”, disse.
‘Carro Preto’
A existência de um possível ‘carro preto’ foi descartado pela delegada. “Até agora não existe essa história de carro preto, um adolescente de 14 anos disse que teria visto esse carro, depois não viu e também não viu a criança entrando nesse carro. É uma história que está descartada e pra quem trabalha em delegacia de polícia especializada, que escuta bastante relato de desaparecimento e de fuga, sempre a história que chega é o carro preto, então não é pra criar pânico com relação à isso”, explicou.