A manifestação ocorrida no dia 13 de março em todo País, demonstrou o fortalecimento da democracia no Brasil, com o direito das pessoas de se manifestarem publicamente. É a Constituição Brasileira que dá esse direito. Foi uma luta de muitos anos para que o povo pudesse ter esse direito de protestar. Se estivéssemos no regime militar essas manifestações contra o governo não seriam possíveis.
Percebeu-se que a boa parte dos manifestantes é de pessoas de maior poder aquisitivo, classe média alta e que votou a favor do candidato derrotado Aécio Neves nas eleições de 2014. Muitos ainda estão inconformados porque perderam para a Dilma. E desde então, defendem o afastamento da presidenta.
A presidenta Dilma foi legitimamente eleita, com pouco mais de 54 milhões de votos. Tem um mandato de 4 anos. Suas contas de campanha foram aprovadas pelo TSE, e ela não cometeu nenhuma irregularidade ou crime no exercício do mandato para justificar um pedido de impeachment, que alguns parlamentares estão querendo no Congresso Nacional. A Dilma não tem contas milionárias escondidas em paraísos fiscais e nem responde a processos de corrupção ou qualquer outro. Não cabe afastamento. É o que diz a Constituição Brasileira.
Por isso, qualquer tentativa de afastar a Dilma é considerado um Golpe contra a Democracia, igual como os militares fizeram em 1964, onde chegaram a prender, torturar e até a matar todos aqueles que não concordassem com suas decisões. Tiraram as liberdades do cidadão.
Em Manaus, anunciavam que seria um ato contra a corrupção, mas o que se viu foi um ato organizado pelo PSDB, com apoio do prefeito Arthur Neto, que se limitou a falar contra o PT, o ex-presidente Lula e contra a presidenta Dilma. Uma tentativa de colocar a população contra o PT. Não havia interesse em denunciar os diversos casos de corrupção no Amazonas e no Brasil.
A Operação Lava Jato está mostrando o envolvimento de políticos de quase todos os partidos em casos de corrupção e que nas manifestações foram poupados ou omitidos. O deputado Eduardo Cunha, do PMDB, têm milhões no exterior e a Câmara dos Deputados já deveria ter cassado. O senador Aécio Neves, do PSDB, já foi citado 5 vezes, 5 vezes, nas delações premiadas, por receber propina, mas parece que está sendo protegido. O presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB) está na Lava Jato. Na lista do Caixa Dois de Furnas, tem 156 políticos, a maioria do PSDB. Lá tem Aécio, Alckmin, Bolsonaro e políticos do PSDB (a maioria) e mais 11 partidos. Nenhum do PT.
Até o “japonês da Federal”, aquele policial que aparecia escoltando os presos da Operação Lava Jato, foi condenado por corrupção em 2003 e até hoje está recorrendo nos tribunais.
Aqui no Amazonas temos vários casos. O governador Melo (PROS) e o vice Henrique Oliveira (Partido Solidariedade) foram cassados pelo TRE/AM por corrupção eleitoral (compra de votos). Está recorrendo em Brasília. O deputado Arthur Bisneto, do PSDB, recebeu quase R$ 500 mil do dono banco BTG, que foi preso na Operação Lava Jato. Na delação premiada do senador Delcídio do Amaral ele cita o senador Omar Aziz (PSD), o senador Eduardo Braga (PMDB) e o deputado federal Alfredo Nascimento (PR) como pessoas que receberam propinas de empreiteiras.
Mas assim mesmo, políticos de outros partidos foram hostilizados em outros Estados. Em São Paulo, o Aécio e o governador Alckmin, parlamentares de vários partidos de oposição também foram hostilizados, mostrando que o pensamento de direita e do fascismo está crescendo no País, com a desvalorização da política, a tentativa de criminalizar os partidos e favorecendo o surgimento de “salvadores da pátria” como os “Bolsonaros”, os “Malafaias” e até os “Moros”.
É bom lembrar que a elite do Brasil e os maiores grupos da mídia, nunca aceitaram os avanços sociais que tivemos no País nos últimos 13 anos, com programas e investimentos que favoreceram a população mais pobre. Foram quase 40 milhões de pessoas que saíram da pobreza absoluta, 3 milhões de novas moradias, milhões beneficiados pelo Bolsa Família e pelo Luz para Todos. São atualmente 7,5 milhões de universitários, milhões de empregos novos.
Foram os governos Lula e Dilma que mais realizaram operações da Polícia Federal no combate a corrupção e que aprovaram leis que tornaram mais duro o combate ao desvio de dinheiro público. Foi criada a Controladoria-Geral da União (CGU), que fiscaliza os recursos da saúde e educação que vai para os estados e municípios. Foi criado o Portal da Transparência e a regulamentação do pregão eletrônico, além de aprovadas a Lei de Acesso à Informação, a Lei Anticorrupção empresarial, a Lei do Ficha Limpa.
Entendo que o País está enfrentando ainda uma crise econômica, que afeta os trabalhadores. Precisamos cobrar mudanças na política econômica do governo federal, que possa reduzir a inflação, reduzir os juros, gerar mais empregos, garantir os direitos dos trabalhadores, aumentar os investimentos no setor produtivo, aumentando a arrecadação pública, e manter e ampliar todos os programas sociais, na saúde e na educação. Mas não é com impeachment que vamos mudar esse cenário.
No próximo dia 18 de março estarei participando do ato de mobilização organizado pela Frente Brasil Popular, em defesa da democracia, do mandato da Dilma, da história do Lula, dos direitos dos trabalhadores, dos avanços sociais e contra a tentativa do golpe, contra o povo e a Constituição Brasileira. Será às 16 h na Praça São Sebastião, Centro de Manaus. Vamos lá!
José Ricardo Wendling é formado em Economia e em Direito. Pós-graduado em Gerência Financeira Empresarial e em Metodologia de Ensino Superior. Atuou como consultor econômico e professor universitário. Foi vereador de Manaus (2005 a 2010), deputado estadual (2011 a 2018) e deputado federal (2019 a 2022). Atualmente está concluindo mestrado em Estado, Governo e Políticas Públicas, pela escola Latina-Americana de Ciências Sociais.
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