MANAUS – O debate da TV Amazonas teve dois tempos ou blocos e as considerações finais. O primeiro foi quente, com o tema segurança publica e acusações de corrupção dominando, e o segundo foi frio, com perguntas sobre temas sorteados pelo apresentador, jornalista Carlos Tramontina.
No primeiro bloco, o candidato do Pros, José Melo, foi o primeiro a elevar o tom, depois de ser provocado pelo adversário. Braga que disse que a imprensa nacional “acaba de denunciar e o governo não responde, que há um acordo entre o governo e facções criminosas”, e perguntou a Melo: “Zé Melo, o que está acontecendo pra tanta fuga em presídio e a segurança está no caos que se encontra?”
A resposta de Melo: “O que está acontecendo, Eduardo, são as armações que você faz agora nessa campanha. Ao invés de apresentar suas propostas, você prefere fazer armações, enxovalhando o Estado que lhe deu abrigo. Você chegou aqui muito jovem e foi recebido pelo povo do Amazonas, que lhe deu todos os seus mandatos, e você, para ganhar uma eleição a qualquer custo, você pegou, está enxovalhando esse povo que lhe deu abrigo”, disse. Depois, acusou Braga de ter enviado à imprensa nacional a fita com o áudio em que o subsecretário de Justiça e Direitos Humanos, Carliomar Barros Brandão, negocia com traficante de drogas na cadeia.
Em seguida, Melo diz que teve uma reunião com a cúpula da segurança pública e o secretário de Saúde, Wilson Alecrim, em que trataram sobre casos de homens que espancam mulheres, e questionou Braga: “O que você acha, candidato Eduardo Braga, de homem que agride mulher?”. Todos esperavam que nesse momento Melo exporia algum caso de família, mas não ocorreu.
A resposta de Braga: “Qualquer violência contra a mulher é absolutamente reprovável. Sou casado há 33 anos, Melo, e quem sabe agora você tenha a coragem de aqui falar para a população aquilo que você fala através de outros, de penas de aluguel, através da internet. Sou casado com a minha mulher há 33 anos, tenho três filhas e sempre respeitei minhas filhas e minha mulher.”.
Parecia que o debate pegaria fogo, mas Melo jogou água fria. Não voltou mais ao tema da violência contra a mulher, mas atacou Braga de outra forma, chegando a chamá-lo de leviano. “Eduardo, você está me confundindo. Naturalmente, você está fazendo uma autoanálise. Eu não faço isso, eu não uso de subterfúgio, não uso de terceiros, como você usou durante toda essa campanha. Eduardo, eu não sou leviano, como você está sendo leviano nesta eleição.”
Depois, Melo fez uma pergunta capciosa: “O que você acha que um servidor público, que ocupando um cargo de gestão, utiliza-se desse cargo para a prática reprovável da corrução?”. Braga disse que sempre combateu a corrupção no governo dele e criou uma série de medidas para combater a corrução.
José Melo insistiu: “É, candidato, tudo isso não foi suficiente para evitar que a Polícia Federal visitasse o seu governo várias vezes.” O governador também lembrou que Braga responde a dez processos na Justiça, oito deles por uso indevido de dinheiro público, e trouxe ao debate um tema já abordado no horário eleitoral: a compra de viaturas para a Polícia Militar por uma empresa da família do ex-governador.
Braga subiu o tom: “Você está assistindo e tá vendo quem é que joga baixo e quem é que não quer discutir propostas. Quem quer enlamear esta eleição, com pose de bonzinho. Mas as máscaras estão caindo. O candidato José Melo responde a processo por desvio de dinheiro da merenda escolar no STJ (Superior Tribunal de Justiça). Tem um inquérito sobre compra de ovo (…). Agora, o que ele não responde, é pra onde foi o dinheiro da merenda escolar, zé merenda?”.
Assim acabou o primeiro bloco, e, no segundo, com os candidatos tendo que responder perguntas sobre temas definidos pela redação e apresentados aos candidatos por sorteio, o clima esfriou e os candidatos se limitaram a responder sobre o que o outro perguntava, com escassas exceções. E o último bloco foi destinado a considerações finais.
O debate foi encerrado com a sensação de que contribuiu muito pouco para convencer o eleitor indeciso. Faltaram elementos novos no debate, que girou sobre temas já debatidos nos debates do primeiro turno. E em torno das denúncias exaustivamente apresentadas na campanha de Eduardo Braga. De quebra, as acusações pessoais, mas nada, nada novo; todas elas já eram de conhecimento de grande parte do eleitorado do Amazonas.