Por Isabela Bolzani, da Folhapress
SÃO PAULO-SP – A crise do coronavírus pode aumentar a concentração do sistema financeiro nos cinco maiores bancos do país (Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú e Santander), afirmou a Fitch Brasil nesta quarta-feira, 4, em transmissão ao vivo.
Segundo a agência de risco, a perspectiva é que, como os grandes bancos serão responsáveis pela maior parte de distribuição dos recursos vindos do governo como forma de incentivar a economia, haja uma migração dos consumidores para essas instituições.
De acordo com Jean Lopes, diretor de instituições financeiras na agência de classificação de risco, ainda que o cenário base não seja o de resultados pressionados pela crise ao longo dos próximos meses – principalmente com as recentes medidas do Banco Central de redução de compulsórios e aumento de liquidez-, são esperados impactos na inadimplência e na distribuição da carteira de crédito.
A expectativa, segundo Lopes, é de uma redução no número e no tamanho das agências físicas e uma ampliação no uso dos canais digitais. “Ainda é cedo para dizer o futuro depois da crise, mas analisamos um aumento acentuado da inadimplência, uma redução de rentabilidade e, depois, um momento de concentração bancária”, afirma o executivo.
A possibilidade de inadimplência maior, ante a dificuldade de geração de caixa por parte das empresas e de renda por parte das famílias, já afetou a perspectiva em relação ao setor bancário. Na segunda-feira, 30, a Fitch já tinha revisado suas perspectivas para o segmento de ‘estável’ para ‘negativo’.
“Entendemos que o ambiente ficará mais difícil para o setor bancário. Há expectativa de maior renegociação e de uma redução relativa na procura por produtos bancário”, diz Claudio Gallina, diretor sênior de instituições financeiras da agência de classificação de risco.
Bancos pequenos e médios Segundo a Fitch, os bancos pequenos e médios podem acabar tendo um fôlego maior nesse primeiro momento poque estão mais capitalizados e têm uma boa carteira de crédito. “A questão é a velocidade e a profundidade da piora da economia. Fazendo a ressalva de que tudo pode mudar rapidamente, a linha de capitalização desses bancos está adequada”, afirma Lopes.