Da Redação
MANAUS – Desaparecidas no dia 22 de dezembro de 2020 em trecho de floresta na rodovia AM-010 (Manaus-Itacoatiara), no Amazonas, duas crianças de 8 e 11 anos de idade foram levadas pelo padrasto que tentava salvá-las da mãe das meninas. Ela as ‘vendia’ para prostituição. Eles se perderam na mata durante sete dias e reapaceram em outro trecho da rodovia estadual.
O mistério foi desvendado por investigadores da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente a partir de inquérito policial de 2014 sobre o pai das crianças, investigado por abuso sexual.
Segundo a delegada Joyce Coelho, o padrasto tentou proteger as meninas que eram abusadas pelo pai, um sargento aposentado da Polícia Militar. “O padrasto não consta como investigado. As crianças não têm nada contra a conduta dele”, disse a delegada. “Elas estavam em um sítio onde a mãe trabalhava como caseira e foram levadas pelo padrasto para outro sítio, mas se perderam na mata”.
O pai das meninas e um comerciante, de 50 anos de idade, foram presos na manhã desta terça-feira na operação Medusa. O comerciante pagava à mãe das crianças para abusar sexualmente delas, segundo Joyce Coelho. A mãe está foragida.
“Identificamos um inquérito policial de 2014 em que o pai dessas crianças foi investigado por estupro de vulnerável contra as filhas. A criança mais velha relatou que desde pequena era abusada pelo pai e que a mãe a vendia para um comerciante em troca de alimentos”, disse Joyce Coelho.
Na época do inquérito a mulher obteve a guarda das meninas, mas as manteve com o marido. Ela também responde por estupro de vulnerável.
Segundo a delegada, a criança mais velha relatou que na primeira vez que foi abusada estava com fome e o comerciante pagou R$ 20 a mãe dela. “Na segunda vez a mãe pediu que ela aceitasse o abuso porque estaria devendo a outra pessoa”, disse Joyce Coelho.
A delegada disse que a menina fez contato com um policial que participou das buscas na época e expôs os abusos. Segundo relatou, elas tinham sido levadas pela mãe para o sítio para serem ‘vendidas’ novamente à prostituição. O padrasto soube e as tentou protegê-las.
O nome da operação é referência à personagem da mitologia grega. Medusa era era uma mulher muito que foi estuprada pelo deus Poseidon. Ao denunciar o crime, foi amaldiçoada pela deusa Atena que a transformou em um monstro metade mulher e metade cobra com cabelos de serpentes. Segundo Joyce Coelho, trata-se de simbolismo sobre a vulnerabilidade das crianças e mulheres.
(Colaboraram Alessandra Taveira e Murilo Rodrigues)
As atrocidades perpetradas contra crianças estão cada vez maiores em número e grau.