Da Redação
MANAUS – Para o deputado federal Marcelo Ramos (PL), as críticas que ele tem feito ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) podem ajudar em uma possível candidatura à presidência da Câmara dos Deputados. Em entrevista ao ATUAL na quarta-feira, 22, o parlamentar disse não estar focado no processo sucessório da Casa Legislativa, mas confirmou que existe a possibilidade de se candidatar.
Marcelo Ramos ganhou destaque na condução da Reforma da Previdência na Câmara dos Deputados e no final do ano, ao assumir a presidência da comissão que analisa a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da prisão em segunda instância. No final do ano passado, começou a ser cogitado para substituir Rodrigo Maia (DEM-RJ).
“A questão da eleição da Câmara, após a reforma da Previdência, e com todas as grandes responsabilidades que o presidente Rodrigo Maia e os líderes partidários me deram ato contínuo, um grupo de deputados a cogitar isso [a eleição da Câmara]”, disse.
Apesar do prestígio que sente, Ramos acredita que o momento não é o melhor para trabalhar uma candidatura.
“Eu tenho alertado em todos os momentos que não é hora de antecipar o processo sucessório na Câmara. Um processo sucessório necessariamente divide os parlamentares em grupos. E agora, mais do que nunca, precisamos da Câmara minimamente unida para aprovar as medidas econômicas necessárias para o pós-pandemia”, avaliou.
Apesar da observação, o deputado não descartou a possibilidade de concorrer. “No momento certo, vamos ver se é algo que se consolida ou não. Mas é uma possibilidade”, afirmou.
Para o parlamentar, os posicionamentos que tem adotado em relação ao presidente Jair Bolsonaro, de crítica no campo político, mais ajudam que atrapalham. “Eu acho que mais ajuda do que atrapalha. Um dia desses eu estive com o ministro Ramos (Luiz Eduardo Ramos), da Casa Civil. E ele disse ‘Eu queria ter dez rebeldes como o senhor’. Porque eu sou um rebelde, mas eu entendo o que é importante para o país. E o que é importante para o país eu esqueço qualquer crítica e faço todos os esforços para ajudar”, disse.
Ramos alega que suas diferenças de pensamento com Bolsonaro não são maiores que os interesses públicos.
“O ministro Ramos me chamou lá (Casa Civil) para resolver a situação de um projeto de lei meu, de um projeto de lei que eu era relator e de um projeto de lei que era do meu líder. E me pediu para organizar a votação dos três. Eu liguei para ele no outro dia e disse ‘Olha, estão votados os três’. Porque não era um pedido dele, não era um favor para o presidente. Eram coisas importantes para o país”, afirmou.
Ramos acredita que suas críticas lhe dão a independência que precisa na Câmara. O deputado avalia que em uma eleição, se juntar os parlamentares do grupo do presidente da Casa, Rodrigo Maia, com os de oposição, o número de votos para quem representa os dois grupos será maior.
“Se você considerar que a oposição em hipótese nenhuma vai juntar com o candidato oficial do Bolsonaro, a tendência é que o indicado do presidente Rodrigo Maia ganhe a eleição, porque o diálogo dele com a oposição é muito consolidado. E se juntar os 145 dele com os 131 da oposição e ainda tirar mais alguns desse grupo aqui [de bolsonaristas], esse candidato que vai ganhar a eleição. Então a minha conta é que o presidente Rodrigo Maia vai fazer o sucessor”, pontuou.
Eleições municipais
Embora seja cogitado para a presidência da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos diz que o motivo para estar fora do pleito municipal são as obrigações de deputado federal.
“Eu estou fora da eleição municipal. Eu tenho tarefas. Eu preciso entregar ao Brasil a PEC da segunda instância, o projeto de regularização fundiária. Eu consegui me manter em Brasília no período da pandemia, consegui mobilizar quase R$ 100 milhões em emendas para o interior do Amazonas para o combate à Covid”, disse.
“E eu acho que não seria justo com as pessoas que confiaram a mim esse mandato de deputado federal eu abandonar isso para vir aqui disputar eleição”, completou.
Veja a entrevista completa: