Por Rosiene Carvalho, da Redação
A 11 dias do segundo turno, a corrida eleitoral entre Arthur Virgílio (PSDB) e Marcelo Ramos (PR) para definir quem vai gerir o orçamento de R$ 4,660 bilhões da Prefeitura de Manaus se aproxima das últimas curvas da pista com alto grau de indefinição e equiparação entre os dois concorrentes.
Nesta fase da disputa, Arthur e Marcelo alcançaram uma equiparação que resultou em pouco engajamento do eleitorado e baixa possibilidade de que um ou outro dispare na frente.
Em geral, neste período da campanha, o primeiro colocado já aparenta fôlego para fechar o percurso na liderança e exibe ares de vitória. Mas hoje nenhum dos candidatos consegue dar essa aparência nem para seus aliados mais apaixonados.
A equiparação entre as duas campanhas está exposta nas pesquisas de intenção de votos divulgadas na última semana, que apontam empate técnico – à exceção do Ibope. Outra semelhança das duas candidaturas está nas estratégias de desconstrução do adversário nos primeiros cinco dias de campanha na TV e rádio e no lixo cibernético que coloca em evidência as vidas pessoais deles e de seus aliados, sob autoria não identificada e com contexto de baixaria.
Os dois candidatos deixaram em segundo plano a conquista do eleitor por meio de propostas para Manaus e perdem a chance de mostrarem seus diferenciais. Vão além: desestimulam o interesse pelo voto. Esses caminhos são arriscados para um pleito polarizado e com tendência de resultado com votação apertada entre os dois candidatos.
Só no primeiro turno, 220.716 eleitores preferiram não participar da escolha, somando votos brancos (43.338), nulos (69.373) e abstenção (108.005). Quase 10% dos eleitores, do total que votaram, foram às urnas apenas para mostrar que nenhum dos nove candidatos os interessavam. Os eleitores aptos a votar que não foram às urnas somaram 8,59%.
Com a provável manutenção dessa estratégia, 11 dias é período razoável para surgirem “novidades” com força para impor obstáculos na pista do adversário ou aumentar o número de eleitores que rejeitam as duas candidaturas neste segundo turno.
Tudo é possível para uma eleição atravessada por novidades que incluem a união de inimigos históricos, como Eduardo Braga (PMDB) e Arthur Neto; uma operação da Polícia Federal com repercussão nacional usada em larga escala por ambos os candidatos; e a adesão de Marcelo Ramos ao grupo que, segundo discurso crítico de toda a sua trajetória política, precisava ser retirado do comando do Amazonas e de Manaus. Nesta última semana, até Amazonino Mendes foi para rua pedir votos para o candidato do PR.
“Ganha quem errar menos”
Para o analista político e presidente da Action Pesquisa de Mercado, Afrânio Soares, com dois candidatos colados um no outro, novos passos precisam ser milimetricamente analisados por cada um deles, sob pena de ganhar por um lado e perder por outro.
“Essa é uma eleição um pouco diferente. Em geral, a duas semanas da eleição os votos estão mais cristalizados. Não temos isso até agora e não é comum. Se continuar assim, o resultado não será de um distanciamento grande entre um e outro. Será uma eleição que ganha quem errar menos”, afirmou o analista.
Transferência já estancou
Afrânio Soares afirmou a declaração de apoio de candidatos que participaram da disputa, logo após o fim do primeiro turno, já rendeu os pontos que poderiam render e que transferência de 100% de votos não existe.
“A transferência de votos já carregou o que tinha que carregar. O eleitor do Serafim Corrêa já decidiu o que ia fazer no segundo turno desde o primeiro. Não estava esperando o anúncio. O eleitor do Silas Câmara pode ser mais suscetível à orientação. Não dele (Silas). Mas é um eleitorado de evangélicos acostumados a ouvir o pastor a toda hora e os pastores orientam o rebanho. Mas também não são todos”, declarou.
Afrânio Soares afirmou que, no segundo turno, é sempre muito difícil mensurar a rejeição. Mas, para ele, há também neste ponto uma equiparação entre os dois candidatos na disputa. O único instituto que divulgou uma espécie de medidor de rejeição foi o Ibope, sem exibir os detalhes da aprovação e rejeição.
O gráfico disponibilizado pelo instituto mostra a gestão Arthur Virgílio com 54% de aprovação, 40% de rejeição e 6% que não souberam opinar.
“A rejeição é complicada de analisar. Está igual, muito parecida. Há eleitores que não querem votar em um e não querem votar no outro”, disse Afrânio Soares.
Propaganda e rejeição
Para o pesquisador, no horário gratuito de TV e rádio, as inserções durante a programação têm poder de atingir mais o eleitor que o horário fixo de 10 minutos de manhã e à noite. Afrânio afirma que ao priorizar a troca de ataques, os candidatos estimulam anulação de votos e abstenção do eleitor.
A eleição de segundo turno será no dia 30 de outubro, um domingo. A sexta-feira é dia 28, um feriado em função do dia do funcionário público, o que geralmente provoca saída em massa da cidade.
Consciente disso, o prefeito Arthur Virgílio publicou um decreto, assinado no dia 18, trocando o feriado por dois dias de ponto facultativo, depois do final de semana da eleição. A medida pode evitar uma debandada de servidores públicos municipais da votação. Estado, Judiciário, Legislativo e órgãos federais não alteraram o feriado e para seus funcionários o final de semana da eleição será prolongado.
“Há neste segundo turno uma tendência de maior abstenção e votos brancos e nulos. Os eleitores mais motivados a esta tendência podem ser os do José Ricardo (113.939 votos), do Luiz Castro (20.290 votos) e do Serafim também. Outros devem fazer uma escolha até o final. Em geral, o eleitor a essa altura, mesmo os que se diz indeciso, já tem algo em mente a fazer no dia da eleição. Mas há sempre um percentual que pode mudar, até os que declaram votos no Arthur e no Marcelo”, explicou Afrânio Soares.
esse “especialista” descobriu a pólvora. É claro que quem não votou no artur nem no Marcelo tende a anular o voto..
Vale a pena votar em Marcelo Ramos , que é apoiado por Omala e Zé Merenda?