Do ATUAL
MANAUS – A Copa do Mundo no Catar este ano funcionará como uma vitrine e uma oportunidade de divulgação e popularização de produtos e serviços de alta tecnologia, afirma Raul Colcher, membro do IEEE (Instituto dos Engenheiros Eletrônicos e Eletricistas), organização técnico-profissional dedicada ao avanço da tecnologia.
O especialista diz que o evento esportivo irá expor algumas novidades. “É uma ocasião em que costumam fazer experimentações e validações de tecnologias emergentes. Nos últimos anos, especificamente em relação ao desenrolar das partidas, têm sido feitas experiências de uso de ‘bolas inteligentes’, equipadas com chips ativos, que permitiriam a definição precisa sobre ultrapassagem de linhas do campo”, exemplificou.
Segundo Raul Colcher, no que diz respeito ao apoio às atividades de arbitragem, os jogos proporcionarão mais dinamismo possibilitando, sobretudo pela aplicação de tecnologias de informação e comunicação emergentes. Ele cita a possibilidade de mudança no VAR (apoio à arbitragem, baseado em imagens gravadas para elucidação de lances controversos) com paradas menores no jogo.
“O futebol é um esporte em que algumas regras impõem desafios complexos para o árbitro e seus assistentes, no que diz respeito à verificação, em tempo real, das situações de jogo. Recentemente, foi introduzido um recurso no VAR que permite que os eventos sejam analisados a posteriori, mas isso muitas vezes exige a interrupção da partida em detrimento do espetáculo. A experiência adquirida com esta nova ferramenta provavelmente permitirá a introdução de tecnologias para que tais interrupções sejam minimizadas e mais curtas”, disse.
O uso das tecnologias vai além do jogo em campo, podendo facilitar o acesso dos torcedores aos estádios. Colcher afirma que já há ferramentas de verificação de ingressos rápida, em tempo real, para evitar filas e aglomerações em portões de entrada.
“Essas ferramentas já são amplamente utilizadas em catracas automáticas, baseadas em QR codes e outras formas de identificação, inclusive biométricas, e podem ser integradas a ferramentas de orientação ao torcedor para identificação e acesso rápido ao seu assento designado e movimentação rápida e segura na saída do estádio”, citou.
Outro exemplo são a geolocalização e comunicação personalizada com o espectador através do celular. “Isso inclui, por exemplo, mensagens de informações relativas ao espetáculo, orientações de segurança, propaganda sobre produtos e serviços disponíveis para aquisição no estádio, etc”, disse.
Nesse cenário, entra o uso do 5G. Colcher explica que em relação às gerações anteriores, principalmente o 4G, a tecnologia apresenta características de desempenho superiores, já que permite a conexão de mais pessoas em ambientes lotados como estádios.
“Além das já conhecidas e decantadas vantagens de maiores velocidades e latências mais baixas, o 5G tende a permitir uma maior densidade de conexões simultâneas em banda larga concentradas espacialmente, o que pode viabilizar novas experiências para o torcedor, por exemplo, o acesso a soluções de realidade aumentada e virtual e ao metaverso”, disse.