Da Agência Brasil
BRASÍLIA – Um especialista japonês afirmou que será difícil controlar infecções e prevenir a disseminação do novo coronavírus, ligado a um surto de pneumonia na China.
O professor Mitsuo Kaku da Universidade de Medicina e Farmácia de Tohoku, diz que infecções podem ocorrer mesmo quando as pessoas não apresentam sintomas. Ele alerta que o número de pacientes infectados também pode aumentar no Japão.
Kaku diz que o número de casos na China aumenta apesar das restrições de mobilidade em grande escala determinadas para a cidade de Wuhan, o epicentro do surto, e em outras localidades no país.
Afirmou também que autoridades chinesas parecem ter uma crescente noção de urgência em relação aos casos, pois pessoas infectadas com o vírus provavelmente continuam a disseminá-lo mesmo durante o período de incubação.
Kaku disse que a nova linhagem do vírus é diferente dos que causaram as epidemias de síndromes respiratórias agudas SARS e MERS. Acredita-se que, na ausência de sintomas como tosse e coriza, pacientes acometidos pela SARS ou MERS não teriam infectado outras pessoas.
O professor alerta que quem possui doenças crônicas pode ficar gravemente doente se for infectado pelo novo vírus. Ele insiste que as pessoas não encarem o vírus de forma branda, pois trata-se de uma nova linhagem que nunca antes havia infectado seres humanos.
Kaku diz que médicos especialistas têm dificuldade em diagnosticar pacientes que apresentam apenas sintomas leves. E pede que as pessoas evitem tocar o nariz, a boca e os olhos para minimizar o contágio.
Repatriação
Firmas japonesas estão se preparando para trazer de volta ao Japão seus funcionários e familiares lotados em Wuhan, a cidade chinesa no epicentro do surto de coronavírus.
A Organização de Comércio Exterior do Japão diz que cerca de 160 empresas do país operam na cidade e outras localidades nos arredores.
Metade das firmas são parte da indústria automotiva, incluindo a fabricante Honda. Executivos da empresa planejam repatriar funcionários e familiares, afirmando que vão trazer cerca de 30 pessoas de volta ao país.
A varejista Aeon também possui 12 funcionários japoneses em uma empresa do mesmo grupo, baseada em Wuhan. Foi comunicado que a firma deve trazer todos de volta, com exceção dos que ocupam cargos essenciais para a operação de cinco supermercados na cidade.
A fabricante de pneus Bridgestone também conta com dois funcionários japoneses na região chinesa afetada pelo surto. Foi informado que um deles já voltou para o Japão e o outro espera retornar em um voo fretado.
Suspeita descartada
O Ministério da Saúde informou nesta segunda-feira, 27, que o caso de um paciente internado no Hospital Icaraí, em Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro, com suspeita de contaminação por coronavírus, não se enquadra na atual definição da OMS (Organização Mundial da Saúde) para o NCOV-2019 (o novo coronavírus).
Ainda de acordo com o Ministério da Saúde, o paciente, no entanto, continuará sendo acompanhado. “Seguirá, portanto, o fluxo de procedimentos para influenza e, desta forma, estabelecer seu diagnóstico apropriado”, diz a nota.
A Fundação Municipal de Saúde, da prefeitura de Niterói, informou que monitorava o homem com a suspeita de contaminação e que, de acordo com os protocolos, todas as medidas necessárias foram tomadas pelo município. “No momento, o paciente está estável”, informa a fundação.
Navio no Porto de Santos
Em comunicado publicado no domingo, 26, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou que “não há quaisquer elementos que justifiquem preocupações” em relação ao navio KM Singapore, atracado no Porto de Santos. De acordo com a agência, informações que vem sendo divulgadas em redes sociais relacionado o navio com o coronavírus são “especulações”.
“O navio não é procedente da China e fez suas últimas escalas em portos da África do Sul, Índia e Singapura. Não há qualquer tripulante doente, conforme atestaram a fiscalização da Anvisa que esteve a bordo e o próprio comandante da embarcação. O relatado uso de máscaras e luvas pelos tripulantes chineses deve-se às condições de trabalho exigidas, já que se trata de um navio que transporta grãos”, informou o posto portuário da Anvisa em Santos.