Por Jullie Pereira, da Redação
MANAUS – Consumo, mudança de rotina e ausência contato social – que gera estresse – dificultam o cumprimento de isolamento para prevenir contra o contágio pelo novo coronavírus. Esses fatores contribuem, por exemplo, para a reação de comerciantes contra o fechamento das lojas em Manaus, segundo a psicóloga Dilza Santos, especialistas em avaliação de estresse.
“Neste contexto pandêmico todos são afetados, aqueles que já vem de um quadro patológico e aqueles que nunca sentiram tais desconfortos. O medo de ser contaminado, medo da morte, incertezas, insegurança, a impossibilidade do contato físico, entre outros fatores contribuem para o adoecimento da população”, diz.
Apesar da necessidade do isolamento para conter o avanço da doença, a mudança de rotina gera desconforto. “É fato que não estamos acostumados a entrar em contato com nossas fragilidades, vivemos no automático, e com a pandemia fomos obrigados a mudar nosso estilo de vida, elevando o nível de estresse e ansiedade neste contexto”, explica a psicóloga.
Mesmo com a tecnologia das redes sociais, que permite manter contato com familiares, amigos e até desconhecidos, a presença física é uma necessidade social. Neste segundo momento de pico da pandemia, no entanto, a saturação com as redes sociais é maior.
“Temos a necessidade de nos relacionar com outros indivíduos. E quando não temos isso, sentimos falta. As redes sociais têm um papel fantástico na vida das pessoas, porém é uma via de mão dupla, temos que usar com cautela. Ela jamais substituirá o contato físico, o beijo, o abraço”, afirma Dilza.
Para o sociólogo Francinézio Amaral, a dificuldade em manter o isolamento tem relação com o estilo de consumo na sociedade. Questionado sobre as aglomerações e festas promovidas em Manaus mesmo após o decreto governamental, o sociólogo diz que isso se deve à naturalização do consumo exagerado.
“É preciso observar que vivemos numa sociedade do consumo e somos ensinados a consumir, desde que nascemos. Isso explica o fato de as pessoas terem a falsa sensação de que não serão ‘felizes’ se não puderem consumir, sejam bens materiais, como bebidas e comidas, sejam bens simbólicos, como as paqueras e as fotos para redes sociais. Afinal, é isso que se faz numa festa: consumir”, explica.
Além do consumismo, o sociólogo também acrescenta como fatores que causam a descrença na população e o desrespeito às regras de distanciamento os discursos negacionistas. “Vivemos um período de obscurantismo e de estímulo ao negacionismo, de fundamentalismo religioso e de ódio à ciência que são reflexos diretos de um estilo de vida pautado no individualismo e no consumismo exacerbado. Quando esses fatores se cruzam, estimulam pessoas a acreditarem numa noção distorcida de liberdade que as faz pensar que seus desejos privados estão acima das necessidades coletivas”, explica.
Presença do estado
Na terça-feira, 5, dez pessoas foram presas e equipamentos de som foram apreendidos em uma festa clandestina, na zona norte de Manaus.
O sociólogo defende que quando as pessoas não compreendem a necessidade do isolamento neste contexto de pandemia, são necessárias ações afirmativas do Estado e da prefeitura.
“Devemos sempre buscar as vias do convencimento pedagógico, mas quando isso falha, ações mais enérgicas precisam ser tomadas. Vários países decidiram aplicar multas com valores significativos às pessoas e estabelecimentos que desobedecessem as regras de isolamento. Essa poderia ser uma alternativa aqui, haja vista a insistência do não cumprimento das medidas de prevenção”, disse.
Os recentes episódios de protestos contra o decreto que suspendeu as atividades não essenciais no estado são resultados dos fatores que dificultam o entendimento dos cidadãos, segundo o sociólogo. “Vivemos em uma sociedade pautada no consumo exacerbado e esse é o motivo real da pressão aos governos para o relaxamento do isolamento social. E fazem isso, através de forma desleal, ameaçando a manutenção dos empregos”, afirma.
“Resta aos trabalhadores reivindicar o direito de trabalhar. Todos esses fatores são desdobramentos das irresponsabilidades das políticas que vêm sendo tomadas tanto pela presidência da República, quanto pelo Governo do Estado do Amazonas e da Prefeitura de Manaus”, conclui.
Vejo que o governo restringi muito as pessoas de fazerem o que querem eu tô doente psicologicamente falando. Tô pra ficar doente mentalmente falando. Tô agoniada querendo trabalhar e fazer o que sempre fiz. Eu tô pra não aguentar mas essa mídia podre só falar covid 19 muda de assunto. Pelo menos uma vez na vida fala de assalto desmatamento qualquer coisa tá bom. Menos covid pelo amor