Do ATUAL
MANAUS – Ler obras do escritor Márcio Souza é conhecer a história da formação sociocultural da Amazônia. O escritor usou a técnica do romance para contar histórias reais sobre a região, seus desafios e ocupação humana.
Eis alguns de seus livros que vale a leitura.
A Caligrafia de Deus
Será mesmo que Deus escreve certo por linhas tortas? São cinco contos, escritos em diversos períodos, tendo Manaus como ponto de ligação. Na obra, Márcio Souza descreve uma Manaus que, ao receber aqueles que fogem do destino, têm a sua identidade ainda mais desintegrada.
Márcio Souza assume o Amazonas como emblema ao mostrá-lo sem saída, no qual as contradições só se agravam. No cenário trágico, o autor usa o humor para dar graça ao “desastre” social.
Ajuricaba – O Caudilho das Selvas
Márcio Souza leva o leitor até o Grão-Pará para conhecer o guerreiro indígena Ajuricaba, cujo nome significa “reunião de marimbondos de ferroadas dolorosas”.
O herói amazônico, aos 27 anos, em pleno vigor da força física, da inteligência e do amor se tornou prisioneiro dos portugueses. Souza refelte sobre a escravidão e constrói um herói regional que foi admirado pelos povos indígenas, amado por Inhambu, filha de um dos seus inimigos e, como um líder extraordinário escolheu a morte: agrilhoado, jogou-se nas águas escuras do Rio Negro e tornou-se lenda.
A Substância das Sombras – Cinema – A Arte do Nosso Tempo
Esta obra, como o autor afirmou, tem a ver com a própria natureza do cinema que é projeção, é sombra. É uma sombra animada na tela.
Mesmo no cinema digital, o cinema é uma sombra quando projetado. A sombra surge como a metáfora do livro, portanto, a substância do cinema é a própria história do cinema.
O livro aborda a história da sétima arte, desde o cinema mudo até os grandes estúdios hollywoodianos. Para o autor, o livro é um guia e, também, uma introdução ao cinema.
A Expressão Amazonense
Um dos ensaios mais importantes sobre o processo cultural no Amazonas, o livro de Márcio Souza é um texto de leitura obrigatória para estudiosos do tema. O autor apresenta um amplo painel sobre os autores e as obras mais expressivas produzidas na região, inserindo-as no contexto sócio-histórico.
Mad Maria
Essa é sua obra mais significativa. Escrita como romance histórico, Márcio Souza narra a construção da ferrovia Madeira-Mamoré, entre 1907 e 1912, no Acre. O empreendimento era liderado pelo americano Percival Farquhar que tinha a ambição de competir com o Canal do Panamá. O romance foi finalizado em 1980.
O livro relata os episódios mais macabros e inacreditáveis dos registros históricos da construção da ferrovia focando-se num período de três meses, Márcio Souza força o leitor a confrontar o inferno.
A ferrovia Madeira-Mamoré integraria uma região rica em látex na Bolívia com a Amazônia, mas encontrou obstáculos descomunais: 19 cataratas, 227 milhas de pântanos e desfiladeiros, centenas de cobras e escorpiões, a exuberância da floresta amazônica além da malária.
As obras inacabadas deixaram um saldo de 3,6 mil homens mortos, 30 mil hospitalizados e uma fortuna em dólares desperdiçada na selva. O engenheiro inglês Stephan Collier comandava com mãos de ferro a construção da ferrovia, liderando um enorme grupo de homens de todo o mundo, indispostos entre si, no meio de uma floresta selvagem, ameaçados por toda a sorte de infortúnios
Indo contra os interesses do seu idealizador, Farquhar, estava o ministro Juvenal de Castro, amigo pessoal do então presidente da República, o marechal Hermes da Fonseca. Planejando derrubar o ministro e tirá-lo do seu caminho, Farquhar descobre o romance extra-conjugal de Castro com a jovem Luísa, e tira proveito desse segredo.
Outras obras do autor
Fascínio e Repulsa –Estado, Cultura e Sociedade no Brasil
Galvez: Imperador do Acre
Escreveu também peças teatrais como: As folias do látex, A paixão de Ajuricaba e Carnaval Rabelais.