“Por ‘complexo de vira-latas’ entendo eu a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo. Isto em todos os setores e, sobretudo, no futebol.” – Crônica do genial Nelson Rodrigues
O grande Nelson Rodrigues estaria em maus lençóis para explicar ao mundo o momento que passamos no nosso futebol e na vida. Quando os dirigentes esportivos vão às empresas para buscar os “polpudos” patrocínios para que se faça um esporte de alto rendimento, condizente com as expectativas do nosso povo, eles mostram que nas apresentações que faremos nos grandes campeonatos internacionais, as televisões mostrarão para o mundo, as marcas que produziram aqueles resultados. Pois bem, ou pois mal, as nossas representações no Pan-Americano de Toronto, além de tentar enganar o mundo, que ninguém consegue, estão deixando a população impressionada pela forma com que os nossos selecionados estão se apresentando.
Onde está o Cesar Cielo? Ele é o ídolo maior da natação brasileira.
Onde está o Duda? Ele é o saltador campeão do nosso atletismo. No atletismo, mostramos um sem número de atletas, machucando-se, errando todas as alternativas do disco e passando muito longe do que poderíamos fazer de melhor. É boicote? Faltou até médico para atendimento.
Onde estão Fabiana, Shirley e Glassi, do voleibol feminino?
Onde está a Pelé do futebol feminino, a Martha? Ela que reclama tanto da falta de jogos. É uma péssima caricatura da seleção que aprendemos a torcer.
E o futebol masculino? É só isso que existe para nos representar? Pra que fazer Olimpíadas do Rio? O povo poderá linchar os dirigentes que receberam investimento públicos para fazer um esporte de qualidade e só conseguiram isso.
O nosso futebol, coitado, apanha em todos os níveis, seja o Internacional contra os Tigres, seja a seleção olímpica contra o Uruguai, seja a seleção principal apanhando do Paraguai. Um vexame! Uma total falta de competitividade. O nosso campeonato nacional cheio de estrangeiros com idades acima dos trinta anos.
As duas maiores competições que existem para o povo brasileiro são as Olimpíadas e o Pan-Americano, ainda precedidos pelo Campeonato Mundial de Futebol. Por que os patrocinadores ficam calados quando vêem o Brasil tão mal representado? O grande patrocinador ainda é o Estado brasileiro. O patrocínio das empresas é descontado no Imposto de Renda e as outras verbas vêm da Loteria e do Ministério dos Esportes. E bota enganação nisso!
Dia 20 de julho de 2015, houve a grande reunião da Fifa para decidir sobre a renúncia e novas direções e dirigentes para os próximos campeonatos. O presidente Del Nero esteve presente, apesar dos muitos cargos que ocupa? Não, o FBI estava nas portas e janelas.
Hoje, dia 24 de julho de 2015, haverá o sorteio para as eliminatórias da Copa de 2018. O Del Nero está lá? Claro que não. Ele sabe que o FBI está tomando conta das portas, janelas e esgotos. Que representação é essa que temos? Ou não temos? E nem teremos, nunca?
O handebol está com as suas seleções completas e as televisões nem sabem o que mostrar. É uma total falta de sintonia entre o poder e o povo. Começa-se a perceber que o poder está em uma direção, e em guerra, e o povo em outra, tendo como base, a economia informal, que até hoje não se sabe o tamanho e muito menos, se é mãe ou madrasta.
Estamos mal, Nelson! Fica por aí pela cobertura. Se vieres por aqui, vem disfarçado, que a coisa tá pegando. Daí tu podes ver melhor e poderás até…inspirar alguém. Aqui pelo térreo já está faltando tudo. Dá uma passadinha pela CBF e solta um “esporro” daqueles. Só para assustar. Vamos enfrentar esses dois últimos dias de Pan e sentir vontade de latir. Que sejamos, pelo menos, pit bulls.
Roberto Caminha Filho, nacionalino e economista, está com raiva do Pan e do futebol brasileiro.