EDITORIAL
MANAUS – Todos os brasileiros têm direito à vacina contra a Covid-19, até mesmo aqueles que dizem não ter interesse em tomá-la. Mas neste momento inicial da vacinação, em que as doses são insuficientes até para os grupos mais vulneráveis à doença, o governo tratou de definir grupos prioritários. O Brasil inteiro assistiu estarrecido a quantidade de pessoas que, desrespeitando a vida daquelas mais vulneráveis, passaram à frente e furaram a fila da vacinação. Os órgãos de controle social e a Justiça passaram a agir, como se espera em casos como esses, para coibir e punir os fura-filas da vacina. Mas essas ações não podem prejudicar quem tem direito a receber as doses do imunizante.
Uma das decisões da juíza Jaiza Maria Pinto Fraxe, da Justiça Federal no Amazonas, proibiu a distribuição das doses da vacina – primeiro achou-se que para todo o Estado do Amazonas e depois ela esclareceu que era apenas para a capital – que chegaram na segunda remessa enviada pelo Ministério da Saúde.
Todos os méritos à juíza Jaiza Fraxe pela atuação neste caso. Ela teve reconhecimento merecido de ponta a ponta do país. Mas equívocos podem ser corrigidos. A proibição de distribuir as doses da vacina em Manaus é um desses equívocos. Idosos acima de 75 anos, que deveriam receber por primeiro a dose da vacina, ainda aguardam em casa pelo imunizante. O mesmo ocorre com profissionais de saúde, uma vez que as doses iniciais distribuídas são insuficientes para imunizar todo o grupo 1 prioritário.
Felizmente, na quarta-feira, 27, a juíza determinou a liberação de um lote de 50.398 doses da vacina do laboratório AstraZeneca destinadas aos idosos de Manaus.
Elementar que os órgãos de controle e a própria Justiça precisam estar vigilantes para evitar que os espertalhões continuem a furar a fila de vacinação, mas a punição deve ficar restrita a quem comete o ato ilícito e a quem lhes beneficiou, e não ser estendido aos grupos que foram de alguma forma prejudicado pela vilania deles.
As doses das vacinas que chegam ao Amazonas e a Manaus devem ser imediatamente liberadas, visto que o Estado se tornou o epicentro de uma nova cepa do coronavírus que já se espalha pelo país e pelo mundo e que mata centenas de pessoas no Estado e, principalmente, na capital diariamente.
Nada justifica segurar as vacinas e deixar quem precisa ser vacinado neste momento à espera da resolução de pendências administrativas e burocráticas ou de qualquer ordem. O mais importante neste momento é salvar vidas, e a vacina é apontada como o único remédio diante do novo vírus mortal.