Por Iolanda Ventura, da Redação
MANAUS – O nível do Rio Negro em Manaus atingiu a cota de inundação severa, com 29,03 metros, nesta sexta-feira, anunciou o CPRM (Serviço Geológico do Brasil). Segundo o órgão, a partir da próxima semana o Centro da capital deve ser atingido pela inundação.
Luna Gripp, pesquisadora do CPRM e responsável pelo sistema de alerta hidrológico do Amazonas, afirma que o rio não atinge a área, mas devido às tubulações de esgoto a água alagará alguns pontos.
“Em Manaus o problema não é relacionado ao nível do rio. O nível do Rio Negro não chega diretamente lá naqueles pontos que vão ser inundados. O que acontece é que a saída da tubulação de esgoto e de drenagem está localizada em um ponto baixo do rio, próximo a 29 metros. Então, o problema ali é que a partir do momento que o rio atinge essa cota de 29 metros essa tubulação começa a ficar obstruída”, afirma.
“Se chover, por exemplo, vai chegar uma quantidade grande de água ali (Centro), tem dificuldade de escoar e provavelmente comece logo a inundar. Senão, depende de um tempo até acumular essa água e começar a extravasar água dos bueiros. Mas é bem provável que isso não demore a ocorrer”, completou.
No segundo alerta de cheias deste ano, Luna Gripp informou que a previsão é que em junho o nível do Rio Negro em Manaus atinja 30 metros, com margem de erro de 29,5 m a 30,5 m, e percentual de 80% de confiança.
A pesquisadora afirma que é provável ocorrer uma cheia da mesma magnitude da registrada em 2012, quando o Rio Negro atingiu 29,97 metros. “O que vai nos dizer se eu vou ter uma cheia próximo dos 29,5 metros ou não, acima do que foi observado em 2012, são justamente as chuvas que vão ocorrer daqui até o mês de junho”, disse.
O Serviço Geológico trabalha com 56% de chance de que a cota de 2012 seja atingida este ano. “A probabilidade de ocorrência de uma cheia tão grande quanto foi a cheia máxima de 2012 é de 56%. É uma probabilidade bem alta, digamos assim”, disse Gripp.
A pesquisadora afirma que a previsão é que na próxima semana pontos da área central já sejam afetados. “A cota de inundação em Manaus de 29 metros ela representa um princípio de inundação ali na região central, principalmente na Rua dos Barés, na Feira da Banana deve começar a inundar nos próximos dias”, disse.
Nível do rio
Marcelo Motta, superintendente do Serviço Geológico em Manaus, afirma que a média de subida do nível da água na capital é de até seis centímetros diários. “Estive verificando ontem (quinta-feira) o nível do rio Negro era 28,98 metros. Hoje (sexta-feira) chegou na casa dos 29,03 metros. Então, isso quer dizer que o rio está subindo numa média de cinco a seis centímetros por dia”, afirmou. Luna Gripp afirma que até dez centímetros essa variação é considerada normal.
Com 27 metros, o Serviço Geológico do Brasil considera cota de alerta. A partir de 27,5 metros, é considerada cota de inundação. E de 29 metros em diante, cota de inundação severa. Gripp afirma que em Manaus, a cota de inundação é recorrente, devido à proximidade da população aos rios e pela magnitude dos mesmos. “Então a gente estabeleceu também como oficial a cota de inundação severa”, disse.
“A gente considera conta de inundação severa uma cota em que a inundação provoca danos severos ao município. E aí vai ser algum centro da cidade inundado ou então quando já temos muitos bairros inundados e aí o poder público tem dificuldade em lidar com aquela situação”, explica
Bairros
Outras áreas que devem ser afetadas pela cheia na capital, segundo estudo realizado pela Prefeitura de Manaus, são os bairros Tarumã, Mauazinho, São Jorge, Educandos, Raiz, Betânia, Presidente Vargas, Colônia Antônio Aleixo, Aparecida, Centro, Santo Antônio, Cachoeirinha, Glória, Compensa e Puraquequara.
Na região rural ribeirinha, a Defesa Civil monitora as comunidades Nova Canaã do Aruau, São Francisco do Aruau, Lindo Amanhecer, São Sebastião do Cuieiras, São Francisco do Chita, Bela Vista do Jaraqui, Nova Jerusalém do Minpidiau, São Sebastião do Tarumã-Mirim, Agrovilla, Cueiras do Tarumã-Açu, Nova Esperança do Apuau, Santa Isabel do Apuau, Nova Aliança do Apuau, União e Progresso, São Francisco do Tabocal, São Raimundo e o assentamento Nazaré.