Por Carlos Petrocilo e João Gabriel, da Folhapress
RIO DE JANEIRO – Acenos à Comissão de Atletas do COB (Comitê Olímpico do Brasil) fazem parte dos programas dos três candidatos à presidência da entidade.
Helio Meirelles, 68, e Rafael Westrupp, 40, dizem que vão dotar a comissão de orçamento próprio nos próximos quatro anos. Se reeleito, o atual presidente, Paulo Wanderley, 70, planeja criar novos programas de capacitação para seus membros.
A primeira disputa pela presidência no comitê em mais de 40 anos, que será decidida na quarta-feira, 7, no Rio de Janeiro, terá como marca um inédito protagonismo de atletas e ex-atletas na política do esporte olímpico nacional.
Dos 49 votos do colégio eleitoral, 12 são de integrantes dessa comissão, chamada de Cacob e eleita em 2017. Os demais são de 35 dirigentes de confederações ligadas ao COB, além de Andrew Parsons e Bernard Rajzman, integrantes brasileiros do COI (Comitê Olímpico Internacional).
Paulo Wanderley aparece à frente dos seus oponentes hoje pelos votos que já foram oficialmente declarados. Nessa conta, ele tem 17 entidades a seu lado, contra 7 de Westrupp (que possui também o apoio de Parsons) e 5 de Meirelles.
Se no primeiro turno não houver maioria de 25 votos para um deles, o que tiver menos apoio será eliminado da disputa. A tendência é que as bases de Meirelles e Westrupp se unam em oposição a Paulo Wanderley.
Assim, a Cacob assumirá o papel de fiel da balança. Apesar das intenções de membros da comissão de votar em bloco, é difícil que não haja divergências nas urnas –principalmente porque o voto é secreto. Da mesma forma, confederações que declararam apoio a um dos candidatos podem seguir caminho diferente no momento da votação.
Yane Marques, 36, medalhista de bronze em Londres-2012 no pentatlo moderno e vice-presidente da Cacob, afirma que a escolha da comissão será feita apenas pouco antes da assembleia.
“A estratégia de votarmos unidos é porque somos um segmento. Não é a escolha só da Yane, do Tiago Camilo [ex-judoca e presidente da Cacob], são atletas representando atletas”, afirmou ela, que também é secretária-executiva de esportes de Recife.
“Fizemos reuniões virtuais semanalmente, com estudos de cada proposta e estamos, agora, ouvindo integrantes de todas as modalidades. Vamos decidir em um encontro presencial que faremos [no Rio] alguns minutos de começar a votação”, completou.
Na tentativa de atrair esses nomes, Meirelles compôs sua chapa com o ex-velocista Robson Caetano, e Westrupp depositou fichas em Emanuel Rego, ex-atleta de vôlei de praia. Medalhistas olímpicos, os dois têm participado de lives e buscado votos junto a seus pares.
“A parceria com Emanuel surgiu em razão de termos um vetor fundamental como proposta, a efetiva participação dos atletas no planejamento e nas principais decisões do COB”, afirmou Westrupp.
“O Robson tem uma conversa muito dinâmica e estreita com os atletas, se encaixou muito bem na nossa proposta de tê-los conosco”, disse Meirelles.