EDITORIAL
MANAUS – Na fase mais crítica da pandemia no Amazonas, que castigou Manaus no mês de janeiro, os olhos do mundo de voltaram para o maior Estado em extensão territorial da Amazônia brasileira. Mobilização de políticos, artistas e pessoas desconhecidas ganharam a mídia. Promessas não faltaram, só não foram todas cumpridas.
Aaqueles tempos sombrios veio acompanhado de uma nova cepa do coronavírus, a P1, que os cientistas apresentaram como mais contagiante, ou seja, com maior poder de contaminação.
O “Brasil desenvolvido”, no primeiro momento, tinha medo do que pudesse acontecer se a variante do vírus se espalhasse no território, e as autoridades pensaram até em isolar o Estado; depois, veio a genial ideia de imunização em massa, com a chegada das primeiras vacinas.
Nesse intervalo de tempo, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), prometeu doar 50 mil doses da vacina Coronavac, fabricada pela Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, e o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, veio a Manaus anunciar um plano de vacinação diferenciado para o Estado e região, que começaria no dia 22 deste mês pela Região Metropolitana de Manaus.
O Amazonas e Manaus se esforçaram para agilizar a vacinação e em poucos dias o Estado assumiu a liderança em número de vacinas aplicadas proporcionalmente à população.
Mas 50 mil doses da Coronavac prometidas por Doria nunca chegaram, e o plano de vacinação de Pazuello foi esquecido tão logo ele retornou a Brasília.
Nesta quarta e quinta-feira o Amazonas recebeu mais 78 mil doses de vacinas, mas o cronograma de vacinação deve seguir o ritmo normal das demais unidades da Federação.
Nesta fase, os idosos de 60 anos ou mais são o público alvo para receber a vacina. Aquele público de 50 a 59 anos, que deveria começar a ser vacinado no dia 22, não tem mais data para receber a primeira dose. E não se fala mais nisso, para não incomodar o senhor ministro, afinal, ele veio aqui, prometeu e está gravado.
Em parte, os números do Amazonas favorecem essa mudança repentina de prioridades. O mapa que mostram os Estados em Vermelho, Amarelo e Azul, azulou para essas bandas. São -53% de mortes nos últimos sete dias comparados com os sete dias anteriores no Amazonas.
A ocupação de leitos na capital também caiu: os leitos de UTI na rede pública estavam nesta quinta-feira 90,75% ocupados, e os leitos clínicos, 63,37%. Na rede privada, a ocupação é de 82% nas UTIs e de 63,73% nos leitos clínicos.
Não falta mais oxigênio, as filas de espera foram vencidas e as transferências de pacientes não são mais necessárias.
A vida começou a voltar ao normal nesta semana, com a abertura do comércio, ainda em horário reduzido, mas muita gente voltou às ruas.
Mas o essencial ainda está por vir: a vacinação em massa. Não por falta de vacinas, mas porque o Amazonas deixou de ter importância para o Brasil. Não faz mais medo, porque a onda agora está em outras regiões do país.