Da Redação
MANAUS – Os preços de materiais de construção como cimento e tijolo pesam no bolso do consumidor em Manaus em plena pandemia do novo coronavírus. O saco do cimento varia de R$ 29 a R$ 42, dependendo do pagamento, seja em dinheiro ou no cartão de crédito. Para adquirir um milheiro de tijolo, o consumidor terá que desembolsar R$ 1 mil. Além dos altos preços, o cliente precisa lidar com a falta dos produtos nas lojas.
Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgados na sexta-feira, 10, mostram que o Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi) no Amazonas para o mês de junho de 2020, apresentou variação positiva de 0,40%, em relação a maio, a terceira posição do país com maior aumento no custo médio do metro quadrado e a maior do ano no estado.
A componente material de construção foi a única responsável pelo reajuste ocorrido em junho. Já a componente mão de obra permaneceu com o valor do mês anterior. O custo médio por metro quadrado da componente material, em moeda corrente (Real), no Amazonas, aumentou de R$ 636,35, em maio, para R$ 640,90, em junho. O custo médio por metro quadrado da componente mão de obra, em moeda corrente, no Amazonas, foi de R$ 511,62, em junho, mantendo-se igual a maio (R$ 511,62).
Com isso, o custo médio por metro quadrado da construção civil no Amazonas aumentou de R$ 1.147,97, no mês de maio, para R$ 1.152,52, em junho.
Jasper Bezerra dos Santos Junior, 40, lojista do setor ouvido pelo ATUAL diz não entender porque os fornecedores encareceram os produtos, já que o preço da gasolina baixou. Segundo o empresário, como as lojas estão tendo muitos pedidos, estão precisando comprar mais e as fábricas aproveitam para aumentar os preços para evitar prejuízos em uma possível recessão.
“Na recessão, que a gente vai ver como vai ficar, esse dinheiro vai acabar. Então eles (fornecedores) aproveitaram que o dinheiro está circulando, que as pessoas estão comprando, que os donos das lojas estão pedindo muito material, porque a gente está vendendo então temos que pedir e comprar mais. E eles observaram que está vendendo aí aumentam o preço. As vendas caem, eles baixam o preço”, diz Jasper Bezerra.
No caso do tijolo, a maioria das lojas não possui o item, que está em falta nas olarias. Os preços cobrados pelo milheiro variaram de R$ 800 a R$ 1 mil. Em uma das lojas o valor era mais barato, R$ 520, mas apenas para meio milheiro. Devido à falta do produto, o estabelecimento restringiu as vendas a no máximo 500 tijolos por cliente. “O que teve um aumento considerável também foi o tijolo. O tijolo a gente observa que está R$ 1 mil agora por aí. E antigamente estava R$ 600, R$ 750”, relata o empresário.
Segundo Jasper Bezerra, os lucros para quem trabalha no segmento são baixos. Ele relata que repassam o aumento para o cliente, mas isso é limitado, pois se elevarem demais o preço acabarão inviabilizando a venda. O lojista cita como exemplo a subida no preço do cimento, que também está em falta.
“Quando a gente fala em aumento, logo entende-se que o dono da loja que está aumentando. Mas quem aumentou foi a empresa que vende cimento. A minha margem de lucro continua a mesma. Por exemplo, um saco de cimento a gente ganha R$ 2. Aí eles informam a gente, vai aumentar R$ 2. A gente repassa o aumento para o cliente, mas não temos como aumentar mais senão o cliente vai ficar muito mais apertado. Porque ele já reclama do preço que está, imagina se eu colocar mais um percentual em cima”, diz.
Questionado sobre as possíveis causas para esses aumentos pelos fabricantes, Jasper Bezerra afirma que os lojistas não recebem nenhuma justificativa. “Olha, a gente questiona, mas só que mandam o informativo dizendo que vai ter o aumento e não justificam o aumento. Eles não dão essa informação para a gente. Eles só dizem que vão aumentar e a gente fica preso aquilo ali, porque são poucas empresas que vendem (cimento) aqui”, relata.