Por Rosiene Carvalho, da Redação
A quebra de silêncio da empresária Nair Blair com uma retórica sem pé nem cabeça, na coletiva convocada na tarde desta quinta-feira, 22, só serviu para ela deixar claro uma coisa: que é uma ameaça de “bomba ambulante” cuja trava de segurança pode ser retirada se a empresária quiser.
A incógnita sobre o potencial explosivo de Nair Blair permanece após uma coletiva que causou frisson e até temor nos dois grupos que estão no meio de uma disputa eleitoral pela Prefeitura de Manaus e judicial pelo Governo do Estado.
Neste contexto, o momento em que a empresária escolheu para “ressurgir” na imprensa não pode ser ignorado e se torna ingrediente principal do frisson que ela causou. Se apresentou com vítima de injustiça num delay de dois anos e meio, sem atacar nenhum alvo claro e em pleno período eleitoral em que dois grupos políticos que polarizam a disputa entraram numa fase tensa.
A coletiva foi convocada a nove dias da votação do primeiro turno, dois dias depois de a Polícia Federal deflagrar a Operação Maus Caminhos e um dia após o assunto ser usado para atacar as forças contrárias na campanha eleitoral. Um apoiado pelo grupo que o governador José Melo faz parte e outro pelo grupo que o senador Eduardo Braga integra. O tabuleiro foi armado para no final não ocorrer nada?
O recado dado não foi para a sociedade e nem para justiça, como Nair declarou. Os códigos usados não cumpriram esse objetivo. Nair quis mostrar por algum motivo não declarado na coletiva que está viva e que algo não a agrada pessoalmente neste momento. Esse é o único eco possível de se ouvir da coletiva convocada pela empresária, que não deu à imprensa nenhum fato contundente que pudesse mudar rumos do caso na “justiça” ou na “sociedade”.
A empresária disparou contra a Polícia Federal e contra a Justiça Eleitoral, o que, a princípio, só aumenta os problemas dela. Pois não apresentou nenhuma prova do dinheiro que diz ter sumido dentro da Superintendência da PF e nenhum argumento convincente de que estava numa reunião de pastores com uma multidão de gente falando sobre campanha apenas para orar no banheiro com uma pessoa.
O enredo é difícil de emplacar em uma sociedade que demonstra legitimar ações policiais mais questionáveis do que a que a prendeu em flagrante.
Para a Justiça Eleitoral, os prazos são bem claros e limitados. O tempo também passou. E, neste momento do processo, nada do que Nair deixou de apresentar ou de falar quando o caso começou a tramitar pode ser anexado.
Foi nos bastidores políticos que a coletiva de Nair atingiu a maior repercussão. A movimentação da peça principal de dois processos de cassação que abalam o Governo Melo causou expectativa e até temor. O receio era que o conteúdo da fala da empresária, com ou sem fundamento, pudesse ser usado como granada na reta final da campanha das Eleições 2016, em Manaus. E houve grande expectativa dos dois lados.