MANAUS – Desde que começou a escrever resenhas para jornais no início da década de 1990, o dramaturgo e teatrólogo Jorge Bandeira lamenta a ausência de produção crítica voltada às artes cênicas realizadas no Amazonas. “Existem críticos, mas eles não divulgam seus textos”, resume. Com o objetivo de preencher essa lacuna, ele decidiu reunir em livro material publicado em jornais de Manaus e na internet, no período de 2008 a 2015.
“Cabeças Decapitadas –Ensaios e Críticas Teatrais e Cênicas”, editado pelo selo Thysanura Edições de Rua, surge como o primeiro livro de crítica teatral amazonense. Com 28 textos escolhidos pelo acadêmico do curso de Teatro da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Iago Luniére, a coletânea será lançada na próxima terça-feira (8), às 16h, na Escola Superior de Artes e Turismo da universidade.
O título, sugerido pelo escritor e editor da Thysanura Thiago Roney a partir da imagem de capa, faz referência à noção que certa parcela do público tem acerca da atividade crítica. “Meu primeiro texto foi publicado em 1992. Desde então, comecei a perceber a atitude de algumas pessoas com relação aos textos. Algumas deixaram de falar comigo”, diz Bandeira.
Método
Por isso, o autor desenvolveu o “método amazônico de crítica teatral”, expressão que designa sua forma particular de analisar as obras. Tal metodologia, por exemplo, inclui critérios como a análise detida das montagens, cuja escolha é pautada pela cautela. “Só publico resenhas de espetáculos que assisti pelo menos duas vezes. Além disso, caso alguma apresentação não tenha me agradado, resolvo deixar a opinião de lado”, revela o autor, que já colaborou com o “Jornal do Comércio”, “Amazonas Em Tempo”,“Correio Amazonense” e a revista “Ideias Editadas”.
Entre os textos que integram a coletânea – que também contempla a dança -, Bandeira destaca a crítica feita à série “Dionisíacas”, apresentada pelo grupo Oficina Uzyna Uzona na capital amazonense, em setembro de 2010. “O modelo de teatro que o Zé Celso (presidente e diretor artístico da companhia) promove, ao contrário do que o título da série sugere, apresenta mais semelhanças com a tradição romana, em função da ênfase dada aos aspectos hedonistas”, explica.
A segunda parte da coletânea “Cabeças Decapitadas” deve ser lançada em 2016, durante o 35º Congresso Internacional de Teatro. O evento será realizado na primeira quinzena de junho e contará com o patrocínio da Organização das Nações Unidas para a educação, ciência e cultura (Unesco).
SERVIÇO
O QUÊ: Lançamento do livro “Cabeças Decapitadas – Ensaios e Críticas Teatrais e Cênicas”, de Jorge Bandeira
QUANDO: 8/12, a partir das 16h.
ONDE: Escola Superior de Artes e Turismo da Universidade do Estado do Amazonas (ESAT-UEA), rua Leonardo Malcher, 1728 , Centro.