Por Henderson Martins, da Redação
MANAUS – No Hospital Geral de Manacapuru (a 89 quilômetros de Manaus), técnicos em enfermagem fazem partos, o que é ilegal. A constatação é do Cofen (Conselho Federal de Enfermagem) que realizou inspeção na unidade hospitalar daquele município e em outras três de Manaus. A conclusão do Cofen é de que o ambiente hospitalar é inadequado ao tratamento e recuperação dos pacientes. Em relatório, o Cofen atesta que as condições são propícias a risco de contaminação aos pacientes.
“Há auxilio a cirurgias por profissionais de enfermagem, a situação lá está muito caótica. Encontramos uma situação bastante preocupante como ausência de enfermeiros em alguns setores, desorganização completa do serviço de enfermagem, déficit de pessoal e sobrecargas de trabalhos”, disse a coordenadora da operação de fiscalização do Cofen em Manaus, Michele Filete.
Na capital, segundo Michele Filete, a situação é semelhante na Maternidade Ana Braga. Há déficit de pessoal, ausência de enfermeiras em alguns setores, registros de enfermagem precários nos prontuários dos pacientes que podem prejudicar a continuidade da assistência médica e ausência de sistematização da assistência. “Foi identificado uma situação particular em relação a higiene corporal dos recém nascidos que, devido à ausência de água quente nas torneiras, é uma situação desfavorável. Os recém nascidos não tomam banho no hospital, só vão tomar banho em casa”, disse Michele.
Segundo ela, foi detectado ainda que a criança e a mãe ficam em uma cama sem grades sob risco de queda do bebê. A coordenadora disse que uma situação gravíssima foi verificada em relação ao processamento de material. “É um hospital que tem muitas cirurgias e o processamento de material cirúrgico está totalmente inadequado. Eles estão passando por uma reforma, mas nesse período não suspenderam o processo de esterilização e está tendo cruzamento de material líquido sujo, não tem teste biológicos para controlar o processamento, além da ausência de enfermeiros na central de esterilização”, citou.
No Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto, Michele disse que foram identificadas sobrecarga de trabalho do pessoal de enfermagem, pessoas sem registro exercendo atividades de enfermagem e denúncias de violência obstétrica. A sobrecarga de trabalho se deve à superlotação de pacientes. A taxa de ocupação é de mais de 150% da capacidade do hospital. Também foram identificadas questões trabalhistas como a falta de pagamentos por um período de três meses para trabalhadores terceirizados. “Os pacientes ficam espalhados nos corredores e setores sem qualquer tipo de identificação, o que ocasiona riscos para o profissional de enfermagem. Não tem todo material necessário para trabalhar, falta medicação. Encontramos medicamentos vencidos, é um caos total”, afirmou a coordenadora do Cofen.
Operação
Michele disse que a fiscalização, além de Manaus, ocorrerá nos municípios da Região Metropolitana. Conforme a coordenadora, prazos foram estabelecidos para que os estabelecimentos cumpram e se adequem às normas. “Caso não sejam adotadas providências, acionaremos o MP-AM (Ministério Públicos do Amazonas). Poderemos pedir ações civis públicas e outras providencias jurídicas. Paralelo a isso, encaminharemos o relatório das inspeções para órgãos competentes como a vigilância sanitária e MPT (Ministério Público do Trabalho)”, disse.
A operação foi estabelecida pelo Cofen, em Brasília, que instituiu uma força nacional de fiscalização compostas por fiscais de todas as regiões do Brasil.