Do ATUAL
MANAUS – Nove munícios no Sul e Oeste do Amazonas vão receber sismógrafos. Os aparelhos serão usados para identificar a origem dos terremos profundos que ocorrem na Amazônia.
Pesquisadores farão “tomografia sísmica” para avaliar o que causa os terremotos na placa de Nazca que está sob a Amazônia Ocidental. O estudo será coordenado pelo Laboratório Sismológico da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte) e reúne mais oito instituições.
“Alguns (terremotos) são perceptíveis (na superfície). Tem terremoto profundo de magnitude 7,5, e o Acre e até outras partes do país percebem”, diz Jordi Julià Casas, pesquisador do Departamento de Geofísica da UFRN, em entrevista ao UOL.
O pesquisador explica que essa região da Amazônia tem uma atividade sísmica intensa por conta de sua proximidade com os Andes, onde há colisão de placas tectônicas que gera terremotos mais fortes.
Em 2022, um dos terremotos sentidos em Manaus foi o que ocorreu no Peru e assustou moradores de prédios da zona centro-sul de Manaus, incluindo a sede do TJAM (Tribunal de Justiça Amazonas), no Aleixo.
Este ano, o maior terremoto registrado no Brasil foi na Região Norte, com 6,6 graus na Escala Richter, segundo informações do USGS (Serviço Geológico dos Estados Unidos). O tremor ocorreu no dia 20 de janeiro, às 16h31 no horário local, e foi sentido nos estados do Acre e Amazonas.
Os tremores ocorrem entre 550 e 650 quilômetros abaixo do solo no Oeste do bioma Amazônico, diz Jordi. “Esses terremotos são um fenômeno bem intrigante, pois não deveriam acontecer nessas profundidades. Há apenas uma dúzia de zonas no planeta com esse tipo de terremoto”.
A instalação dos sismógrafos e a tomografia sísmica ajudarão registrar imagens do interior da Terra. “A ideia é obter imagens da estrutura profunda da área para testar hipóteses sobre os mecanismos geradores dos terremotos”, diz Jordi.
O projeto é financiado pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e com apoio do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Estudos Tectônicos.
Quando concluído, o estudo deve ajudar as defesas civis a se prepararem para enfrentar possíveis terremotos expressivos, “com planos de evacuação, estratégias de resposta e medidas de segurança com base nas informações sísmicas disponíveis”, diz Jordi.
Os municípios onde ficarão as estações sismológicas são: Jutaí, Tefé, Tapauá, Humaitá, Lábrea, Carauari, Pauini, Eirunepé e Tabatinga.