BRASÍLIA – Deputados elegeram nesta terça-feira, 8, a chapa 2, organizada por partidos da oposição e dissidentes do PMDB, para a comissão especial que vai elaborar parecer sobre o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff na Casa. Intitulada “Unindo o Brasil”, a chapa foi eleita por 272 votos a 199 votos, em uma votação marcada por confusão e tentativa de obstrução de governistas. A eleição representa uma derrota para o governo, que apoiava a chapa organizada por governistas e terá minoria na comissão.
A chapa vencedora tem 39 nomes de 13 partidos diferentes (PMDB, PSDB, PPS, PP, PSB, Solidariedade, PTB, PSD, DEM, PSC, PMB, PHS e PEN). Ela foi articulada por líderes do DEM, PSDB, PPS e Solidariedade juntamente com parlamentares do PMDB que estavam insatisfeitos com as indicações pró-governo feitas pelo líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), para a chapa 1.
Logo após a votação, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), anunciou que a votação das vagas remanescentes para a comissão deverá ocorrer amanhã. Pela chapa 2, só foram eleitos 39 deputados para vagas titulares, portanto, faltam ainda 26 deputados de partidos como o PT (8), PR (4), PRB (2), PROS (2), PDT (2), PCdoB (1), PSOL (1), Rede (1), PV (1), PTdoB (1), PTC (1), PMN (1) e PTN (1).
“Receio de derrota”
Eduardo Cunha classificou como “receio político de derrota” a reclamação de líderes governistas sobre a permissão para deputados criarem chapa avulsa para comissão especial do impeachment. Em entrevista coletiva, o peemedebista também rebateu as críticas de governistas sobre o fato de a votação ter sido secreta.
Cunha afirmou que a votação secreta está prevista no artigo 188, inciso 3, do Regimento Interno da Casa. “Estudei com a assessoria, vimos todos os precedentes e que não poderíamos fazer diferente. Se fizer diferente, significa dizer que a eleição da Mesa também não poderia ser secreta”, ressaltou.” Não tem nenhum procedimento diferente. Não sei qual e a preocupação de se ter o procedimento da eleição secreta. Talvez aí é um pouco mais de receio político de derrota”, emendou.
Nesta terça-feira, 8, o PCdoB recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar garantir que a votação para escolha dos integrantes da comissão especial do impeachment, na Câmara, fosse aberta e também para barrar a apresentação de chapa avulsa oposicionista.
Recurso no STF
O líder do PT na Câmara, deputado Sibá Machado (PT-AC) afirmou, após a votação, que o governo tentará cancelar, através de uma nova ação no Supremo Tribunal Federal (STF), a sessão de hoje que elegeu a chapa 2, composta por integrantes da oposição e dissidentes do PMDB. “Ideia é cancelar sessão no STF”, disse enquanto entrava na liderança do governo para a reunião de líderes convocada pelo líder do governo, deputado José Guimarães (PT-CE).