MANAUS – O Amazonas passou de 1º lugar para a 18ª posição em detecção de casos de hanseníase no Brasil, segundo dados oficiais do Ministério da Saúde (MS), referente ao ano de 2014. A informação foi divulgada pelo diretor-presidente da Fundação de Dermatologia Tropical e Venereologia Alfredo da Matta, Helder Cavalcante, durante Tribuna Popular em homenagem aos 60 anos da instituição, na Câmara Municipal de Manaus, nesta terça-feira.
De acordo com Helder Cavalcante, o Amazonas já foi durante décadas, o primeiro Estado brasileiro em detecção de casos de hanseníase, com as piores taxas da doença no Brasil. “Há 15 dias foram publicados os dados oficiais do Ministério da Saúde, referente ao ano de 2014. O Amazonas está na 18ª posição, porém, não significa dizer que a doença esteja controlada, ainda temos muito a fazer e precisamos de apoio na divulgação da importância do controle da doença”, ressaltou Helder Cavalcante, ao acrescentar que a historia da hanseníase no Amazonas é trágica e prolongada, mas que teve reversão contínua e vem evoluindo gradativamente.
Helder acrescentou ainda que a fundação trabalha para que o Amazonas fique em último lugar com casos de hanseníase. “Estamos trabalhando firmemente para alcançarmos o último lugar. O Amazonas deseja ser o Estado com o menor número de casos da doença, e para isso, no último sábado, uma equipe de 28 servidores realizou um trabalho em dois locais da zona Leste da cidade, onde foram examinadas 1.084 pessoas. Desse total, foram detectados 16 casos de sífilis não tratados, nove casos novos de hanseníase e três casos de HIV positivo. Precisamos conscientizar cada vez mais as pessoas do risco de contrair essas doenças”, alertou o diretor-presidente.
Doença
Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia, a hanseníase, também conhecida como lepra, é uma doença infecciosa causada por uma bactéria chamada Mycobacterium leprae. Ela foi descoberta em 1873 por um cientista chamado Hansen, o nome dado a ela é em homenagem ao seu descobridor.
A doença é curável, mas se não tratada pode ser preocupante. Hoje, em todo o mundo, o tratamento é oferecido gratuitamente, e há várias campanhas para a erradicação na doença. Os países com maiores incidência são os menos desenvolvidos ou com condições precárias de higiene e superpopulação. Em 2011, o Ministério da Saúde registrou no Brasil mais de 33 mil casos da doença.
A transmissão da doença se dá através de contato íntimo e contínuo com o doente não tratado. Apesar de ser uma doença da pele, é transmitida através de gotículas que saem do nariz, ou através da saliva do paciente. Não há transmissão pelo contato com a pele do paciente.
Afeta primordialmente a pele, mas pode afetar também os olhos, os nervos periféricos e, eventualmente, outros órgãos. Ao penetrar no organismo, a bactéria inicia uma luta com o sistema imunológico do paciente. O período de incubação é prolongado, e pode variar de seis meses a seis anos.
Centro de referência
A Fundação Alfredo da Matta é centro de referência estadual, nacional e internacional em dermatologia tropical, DSTs e hanseníase, reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e Ministério da Saúde. O órgão coordena no Estado as ações de prevenção e tratamento em hanseníase e outras doenças dermatológicas.