MANAUS – A Copa do Mundo é no Brasil. O clima é de festa, muitas ruas e casas estão enfeitadas e milhares de brasileiros por todo o país se divertem assistindo aos jogos. Mas, para ser de fato um bom torcedor é preciso, acima de tudo, ter muita saúde. Afinal, haja coração para suportar tantas emoções!
Especialistas alertam que as altas cargas de adrenalina e euforia durante os dias de jogos podem ser um fator de risco cardiovascular, principalmente se somada a hábitos ruins, como o excesso de bebidas, o fumo e má alimentação.
No Mundial da África do Sul, em 2010, a eliminação da Seleção Brasileira, após derrota para a Holanda, resultou no aumento de 30% dos atendimentos de emergências cardíacas, de acordo com estudo inédito no país, realizado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).
Não apenas o torcedor brasileiro, mas aqueles que levam o futebol muito a sério podem sofrer um evento cardiovascular (um derrame, um infarto) após o ‘gatilho’ imposto pelas fortes emoções, de acordo com o cardiologista e consultor médico do Laboratório Sabin, Dr. Anderson Rodrigues.
Na Copa de 2006, em Munique (Alemanha), pesquisadores da Universidade Ludwig-Maximilians elaboraram a pesquisa “Cardiovascular Events During World Cup Soccer” e concluíram que o risco de um ataque cardíaco ou outro problema cardiovascular foi 3,26 vezes maior durante os jogos da Seleção Alemã.
Dr. Rodrigues esclarece que “quando a pátria fica de chuteiras, as várias alterações no nosso corpo (como o aumento nos batimentos cardíacos e na força cardíaca) elevam as possibilidades de romper as ‘placas de gordura’ das artérias do coração”. Dentre os sinais que podem servir de alerta ao torcedor estão tremores nas mãos, suor frio, palidez na pele, ‘palpitações’, respiração ofegante, pressão alta, turvação visual, aperto no peito, tonturas e confusão mental.
Embora o levantamento sobre Fatores de Risco para Infarto do Miocárdio no Brasil (FRICAS) tenha determinado que a faixa etária de maior sensibilidade ao problema fique entre 45 a 70 anos de idade, o consultor do Sabin ressalta que hoje em dia o diagnóstico de ataques cardíacos em jovens é cada vez mais frequente.
Vale lembrar que a probabilidade aumenta para torcedores que apresentam diabetes, pressão alta, colesterol ou triglicerídeos alterados (dislipidemia), tabagismo, sedentarismo, estresse, depressão e raiva, ou que tenham histórico familiar de infarto/angina precoce.
Efeitos Positivos
Apesar de tudo, o futebol também serve como elemento de proteção ao coração e a todo o sistema cardiovascular, segundo o cardiologista Anderson Rodrigues, tendo como base várias publicações científicas.
Ele cita o estudo feito pelo pesquisador francês Frederic Berthier, relativo aos dados médicos antes e depois da final da Copa de 1998, quando a França ganhou do Brasil. Cinco dias antes da partida foram observados 32 infartos do miocárdio e este número caiu para 23 nos cinco dias seguintes.
“Ver o seu time marcar um gol ou vencer uma partida implicará na consequente redução de qualquer estresse emocional negativo, proporcionando bem-estar e favorecendo um melhor prognóstico do ponto de vista cardiovascular”, finaliza o cardiologista.
Dicas
1 – Nos dias de jogos: assista na companhia de familiares e de amigos (convívio social diminui o estresse); saia da frente da televisão se “ficar nervoso” com o técnico do seu time ou com o juiz do jogo; evite bebidas estimulantes, como os energéticos ou outras bebidas com cafeína; use roupas confortáveis, que não impeçam os movimentos ou impliquem em calor excessivo; e não se esqueça de tomar os seus remédios.
2 – Gerencie seu tempo: programe-se bem nos dias de jogos (local para assistir, trânsito etc.).
3 – Converse com seu médico sobre possíveis recomendações para os dias de fortes emoções.
4 – Tenha um estilo de vida saudável: escolha alimentos corretos; hidrate-se abundantemente; durma bem; pratique atividade física regularmente (após a avaliação com seu médico).
5 – Cultive boas emoções! Não só nos dias de jogos, mas durante toda a sua vida!