Por Michele Oliveira, da Folhapres
MILÃO – A pesquisa e a experimentação com materiais de origem natural levaram dois dos três prêmios do Salone Satellite, o setor do Salão do Móvel que reúne os designers de até 35 anos, na Semana do Design de Milão. A premiação aconteceu nesta quarta-feira, 10.
Neste ano, foram cerca de 550 expositores selecionados para o espaço. O primeiro lugar ficou com o japonês Kuli-Kuli, que desenvolveu objetos de couro, como carteira, usando a pele da raça bovina que é criada na cidade de Kobe. A carne da raça wagyu, que dá origem ao kobe beef, é considerada uma iguaria, mas o couro do animal costuma ser descartado.
Segundo os organizadores, o trabalho foi premiado “por desenvolver, a partir do material, um sistema de design aplicável em diversas tipologias de produtos”.
Em segundo lugar, ficou o projeto do alemão Philipp Hainke, criador da cadeira Halo, que tem assento e encosto feitos a partir do cânhamo, planta da espécie Cannabis sativa, a mesma da maconha.
Desenvolvido ao longo de dois anos, o material é um composto de fibra, usado na parte externa, de lascas, para o miolo, e de cola de caseína e calcário. “A construção em forma de sanduíche é que dá a estabilidade e a firmeza para o material ser usado na cadeira”, explicou Hainke. Por ser de origem natural, o material é 100% biodegradável.
“Os designers têm que pensar em alternativas. Não acho que vou encontrar alguém na feira interessado em fabricar esse material, não penso nele como um projeto comercial. Minha principal intenção é mostrá-lo como uma das possibilidades para o futuro e como é possível fazer algo que não seja uma ameaça ao planeta”, diz.
O terceiro lugar ficou com outro japonês, o designer Baku Sakashita, que criou luminárias extremamente delicadas feitas com papel japonês e fios finíssimos de aço. O Brasil não tem nenhum representante Salone Satellite deste ano.