OPINIÃO
MANAUS – Assistimos há algum tempo um movimento descoordenado em defesa da pavimentação da rodovia federal BR-319, que liga Manaus ao restante do Brasil, que não tem gerado qualquer resultado prático. Esse movimento está centrado nos discursos raivosos contra figuras nacionais, como a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. A ressonância é próxima de zero. Não ajuda a canalizar forças para resolver o que precisa ser resolvido, porque o objetivo é apenas faturar politicamente em cima do problema.
Cada um aproveita os microfones que lhes são disponibilizados, seja nos parlamentos, seja nos meios de comunicação, ou programam ações repetidamente realizadas ao longo dos anos, como as “caravanas do atoleiro” em tempos de chuva, enquanto os problemas se perpetuam.
Há dois anos, duas pontes sobre estreitos rios desabaram, já próximo a Manaus, colapsando o tráfego na BR-319. O que parecia um problema simples de se resolver, se arrasta até hoje, causando transtornos e prejuízos imensuráveis que atinge não apenas os que trafegam pela rodovia, mas todo o Estado do Amazonas.
Duas pontes com alguns metros de extensão poderiam ser reerguidas em alguns dias, mas falta vontade política de quem tem a responsabilidade de resolver o problema, assim como falta cobrança de quem tem a responsabilidade de cobrar. Não é a ministra Marina Silva a responsável pela recuperação das pontes e pela falta desse serviço, porque as obras não dependem de licença ambiental.
Aliás, as pontes ao longo de toda a extensão da BR-319 (são 885 quilômetros de Manaus a Porto Velho, capital de Rondônia) precisam ser refeitas. Deveria ser o primeiro trabalho realizado pela União, antes de pensar na pavimentação. As pontes de madeira que deixam os viajantes sobressaltados não são seguras. Portanto, a primeira tarefa deveria ser a substituição de todas as pontes de madeira por estruturas de concreto.
Esses problemas não vão se resolver no grito, no brado de um ou de outro político que quer produzir conteúdo para “lacração” nas redes sociais. Os corpos político e empresarial do Amazonas deveriam se unir aos copos político e empresarial de Roraima, numa grande caravana a Brasília, exigir audiência com o presidente da República e com os ministros responsáveis pela recuperação de rodovias federal e tentar traçar um cronograma de trabalho.
Primeiro, recuperar as pontes que desabaram há dois anos; depois, substituição das pontes de madeira ao longo da rodovia. Fazendo isso, e garantindo a trafegabilidade nos trechos mais críticos, é possível utilizar a rodovia enquanto se espera as licenças para a recuperação total do pavimento com a colocação de asfalto.
A continuar cada cão ladrando em seu próprio quintal, nada será conquistado em favor da população do Amazonas e de Roraima, que estão mais isolados do Brasil