Por Henderson Martins, da Redação
MANAUS – Em termos de transferência de votos, quantidade nem sempre se reverte em apoio do eleitorado. A qualidade da gestão pública sim. Para os candidatos ao Governo do Amazonas na eleição suplementar, a boa gestão dos prefeitos do interior do mesmo partido terá maior influência positiva do que a quantidade de prefeituras, afirmam analistas políticos.
Na teoria, as 22 prefeituras (35,48%) sob gestão do PMDB terão pouco efeito a favor do senador Eduardo Braga, candidato ao governo, se os gestores estiverem mal avaliados pelos eleitores. É o partido com maior número de prefeituras entre os 62 municípios do Estado.
“Os partidos influenciam muito pouco”, diz o professor Afrânio Soares, da Ufam (Universidade Federal do Amazonas). Segundo ele, é a boa ou má gestão que transfere votos. Afrânio, que é também diretor da Action Pesquisa de Mercado, os partidos de esquerdas, em sua grande maioria, são os que têm um engajamento ideológico maior e podem influenciar na transferência de votos. Ele cita o PT (Partidos dos Trabalhadores) e o PCdoB (Partido Comunista do Brasil). “Outros têm representatividade em classe, mas tanto no interior quanto na capital as pessoas são influenciadas não pelos partidos, mas por lideranças. Ou seja, por pessoas”, disse.
Caso a liderança seja má avaliada pela população, ela será um cabo eleitoral ruim. “Os eleitores dão muito mais credibilidade para quem está falando do que para o partido pelo qual a pessoa está representado”, diz o professor.
Distanciamento
Para o também professor da Ufam e sociólogo Marcelo Seráfico, a capacidade de influenciar no processo eleitoral também está relacionada ao tamanho do eleitorado nos municípios. “Se você tem um município cujo número de eleitores é expressivo em relação ao total do Estado, isso inegavelmente pode ter um peso em uma situação com muitos candidatos concorrendo à eleição”, disse.
Segundo o sociólogo, a boa gestão é sim fator decisivo para apoio do eleitorado. “Em caso de reprovação por parte da sociedade, isso poderá fazer com que o candidato queira se afastar do prefeito. Outro fator importante é saber se esses prefeitos apoiaram os candidatos dos seus partidos, ainda mais quando você tem grandes caciques concorrendo o pleito”, disse Seráfico.
Números
Em segundo lugar com o maior número de prefeituras está o Pros, do ex-governador José Melo de Oliveira, que teve o mandato cassado por compra de votos. O Pros detém 13 municípios (20,96%). O PSDB, que apoia Amazonino Mendes (PDT) na eleição suplementar, ocupa cinco prefeituras (8,06%).
O PP, da candidata Rebecca Garcia, tem quatro prefeitos eleitos no interior do Estado, e o PSD, do senador Omar Aziz, também na coligação de Amazonino, controla outras quatro (6,45%). Já, O PDT e o PT, do candidato José Ricardo, têm três prefeituras (4,83% dos municípios).
Duas prefeituras (3,22%) estão sob gestão do PR, do deputado federal Alfredo Nascimento e de Marcelo Ramos, candidato a vice na chapa de Eduardo Braga. O PSB, do candidato Marcelo Serafim, tem apenas uma (1,61%) representação no interior do Estado.
O PPS, da candidata Liliane Araújo; a Rede, do deputado estadual Luiz Castro; o PHS, do vereador Wilker Barreto; e o PPL, do candidato Jardel Nogueira, não têm prefeitos eleitos no interior do Estado.