BRASÍLIA – O Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu as projeções de inflação para 2014, nos dois cenários, e manteve estável para 2015. Segundo a ata divulgada nesta quinta-feira, 11, a despeito dessas perspectivas, os valores continuam acima do centro da meta (4,5%) definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em todos os cenários.
O Banco Central reduziu a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2014 no cenário de referência em relação ao valor considerado na reunião de outubro e a estimativa permanece acima do centro da meta de 4,5% fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
No cenário de mercado, a projeção de inflação para 2014 também caiu em relação ao valor considerado na reunião de outubro, e permanece acima da meta para o IPCA. Para 2015, a projeção ficou “relativamente estável” no cenário de referência e no de mercado – em ambos, no entanto, a projeção para o IPCA permanece acima da meta central de 4,5%.
No Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado no fim de setembro, o BC informou que a expectativa de inflação ao final de 2014, pelo cenário de referência, era de 6,3%, embora considerasse os juros em 11% ao ano. No cenário de mercado, a projeção do RTI para o final de 2014 era também de 6,3%.
O Copom revelou ainda que suas projeções para a inflação mostraram algum alívio apenas no início de 2016. Para os três primeiros trimestres, apesar de indicarem que a inflação entra em trajetória de convergência, tanto no cenário de referência quanto no de mercado, as projeções também apontam inflação acima da meta de 4,5% fixada pelo CMN.
Crescimento da economia
A ata do Copom ponderou que as taxas de crescimento da absorção interna e do Produto Interno Bruto (PIB) se alinharam e que o ritmo de expansão da atividade doméstica será menos intenso este ano, em comparação com o de 2013. O documento repetiu a avaliação de que a atividade tende a entrar em trajetória de recuperação, mas o horizonte foi reduzido de “no próximo ano”, da ata anterior para “o segundo semestre do próximo ano” agora.
Além disso, o Comitê avalia nesse mesmo parágrafo 22 que, no médio prazo, mudanças importantes devem ocorrer na composição da demanda e da oferta agregada. O consumo tende a crescer em ritmo moderado, de acordo com o documento, e os investimentos tendem a ganhar impulso. “Essas mudanças, somadas a outras ora em curso, antecipam uma composição do crescimento de médio prazo mais favorável ao crescimento potencial.”
O cenário de maior crescimento global, combinado com a depreciação do real, milita, na avaliação do Banco Central sobre o componente externo da demanda agregada, no sentido de torná-lo mais favorável ao crescimento da economia brasileira. Pelo lado da oferta, o comitê avalia que, em prazos mais longos, emergem perspectivas mais favoráveis à competitividade da indústria, e também da agropecuária; o setor de serviços, por sua vez, tende a crescer a taxas menores do que as registradas em anos recentes.
Para o Comitê, é “plausível” afirmar que esses desenvolvimentos – somados a avanços na qualificação da mão-de-obra e ao programa de concessão de serviços públicos – vão se traduzir numa alocação mais eficiente dos fatores de produção da economia e em ganhos de produtividade. O Comitê ressalta, ainda, que a velocidade de materialização das mudanças acima citadas e dos ganhos delas decorrentes depende do fortalecimento da confiança de empresas e famílias.
(Estadão Conteúdo/ATUAL)