SÃO PAULO – O Comitê de Política Monetária decidiu, nesta quarta-feira, 03, por unanimidade, manter a taxa básica de juros, a Selic, em 11% ao ano. A manutenção vai ao encontro da expectativa da maior parte do mercado financeiro, segundo pesquisa do AE Projeções. A próxima reunião do Copom está marcada para os dias 28 e 29 de outubro.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) avaliou que a decisão do Copom prolongará as dificuldades da indústria brasileira e a retomada da atividade produtiva. Em nota divulgada há pouco, a entidade defende a redução gradual dos juros, “o que possibilitará o retorno dos investimentos, o aumento do consumo e a retomada do crescimento da indústria brasileira”.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), José Ricardo Roriz Coelho, disse, em nota, que independentemente da manutenção ou das pequenas variações da Selic que têm sido anunciadas ao longo de 2014, o patamar atual é muito elevado. “A taxa básica de juros do Brasil é refém do problema fiscal. É premente reduzir as despesas públicas, em todas as instâncias governamentais, pois com o Estado gastando mal e muito, não temos como baixar os juros, e o alto preço do dinheiro é inimigo do aporte de capital em empreendimentos produtivos”, afirma
A manutenção da Selic em 11% já era esperada e reforça o movimento de “acelerar e puxar o freio de mão” da economia ao mesmo tempo, na opinião do presidente nacional da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf), Levi Ceregato. “Os juros na ponta – para o consumidor e para o tomador de crédito – estão altos e exercem um efeito perverso sobre a mercado, pois são diretamente repassados aos preços dos produtos, o que dificulta vendas e compromete as margens das empresas, muitas vezes já pressionadas pelos importados”, afirma. Na opinião dele, mesmo que a recente flexibilização do compulsório aumente a oferta de crédito, o consumo e os investimentos em bens de capital não vão dar um salto. A Abigraf representa cerca de 21 mil indústrias gráfica, responsáveis por um faturamento de R$ 44 bilhões em 2013.
O economista-chefe do Banco Santander, Maurício Molan, disse que a manutenção da taxa básica de juros e a retirada do comunicado da expressão “neste momento” indica que o Copom sinaliza com uma estratégia de caráter de mais longo prazo. “Na minha leitura, acho que o BC quer sinalizar, como já vinha sinalizando através da ata, que a estratégia de manter a taxa de juros em 11% ao ano tem um caráter de mais longo prazo”, reforçou o economista. De acordo com Molan, a Selic deve permanecer neste patamar de 11% ao ano até o início do ano que vem. “Continua até o início do ano vem. Com o novo presidente tomando posse, poderá haver uma mudança mais substancial na política monetária, com um esforço mais acentuado com a meta de inflação”, disse.