Por Lúcio Pinheiro, da Redação
MANAUS – Em gravação de áudio de 29 minutos, a única delatora da operação Maus Caminhos, Jennifer Naiyara Yochabel, registrou o dia em que Mouhamad Moustafa, auxiliado por policiais que faziam sua segurança, ameaça dois servidores dele que estariam desviando dinheiro da empresa Salvare Serviços Médicos. O episódio foi denominado pelo próprio médico como “o dia de polícia” dele e faz parte dos autos do processo da operação Estado de Emergência, terceira fase da operação Maus Caminhos.
Segundo a investigação da PF (Polícia Federal), Gilmar Fernandes Corrêa e André Paz Dantas foram acusados de desviar dinheiro da Salvare. De acordo com a investigação, no dia 29 de junho de 2016 Mouhamad e seus policiais levaram os dois para uma casa. Algemados e em ambientes separados, Gilmar e André foram obrigados a confessar o roubo e a assinar contratos extrajudiciais onde se desligavam da empresa.
No inquérito da PF, o episódio é identificado como ‘Caso 6: Desvio de Dinheiro na Empresa Salvare’. Segundo a polícia, o episódio possui ‘vários indícios’ de que o coronel da Polícia Militar do Amazonas Aroldo da Silva Ribeiro, por ordens de Mouhamad, “conduziu uma verdadeira investigação policial a respeito de desvios de dinheiro da Salvare”.
“Os indícios levantados apontam que essa investigação vinha sendo executada, no mínimo, desde maio de 2016, e tudo indica que foi finalizada em 20/06/2016”, escreve o agente da PF Luís Eduardo Lira de Castro, na Informação nº 175/2017 feita à Delegacia de Repressão à Corrupção e Crimes Financeiros da Superintendência da Polícia Federal.
No documento da PF, o agente sustenta que da análise do áudio é possível concluir que, além dos policiais, Mouhamad também portava arma durante a ‘reunião’. “Por volta de 19:34 MOUHAMAD deixa claro que durante a reunião ele estava armado, pois ele diz: ‘Meu… meu… minha arma'”, escreve o agente em outro trecho do documento.
O áudio estava em um dos dois celulares de Jennifer apreendidos quando a PF deflagrou a operação Maus Caminhos, em setembro de 2016. Naquela ocasião, a enfermeira foi uma das presas. Ela era presidente do INC (Instituto Novos Caminhos), organização social que segundo o MPF operava o esquema de corrupção na saúde e que, de fato, era gerida por Mouhamad.
Depois da prisão, Jennifer virou delatora no processo. Atualmente, ela encontra-se em liberdade sob monitoramento de tornozeleira eletrônica. Mouhamad cumpre prisão domiciliar, também monitorado eletronicamente.
O coronel Aroldo foi preso em dezembro de 2017, na operação Custo Político, outro desdobramento da Maus Caminhos, que levou para a prisão quatro ex-secretários estaduais. A prisão do militar era temporária, e ele ganhou a liberdade assim que o prazo expirou, ainda em dezembro.
A operação Maus Caminhos foi resultado de um trabalho em cooperação do MPF, PF, CGU (Controladoria Geral da União) e da Receita Federal.
Ouça a íntegra do áudio gravado por Jennifer do “Dia de Polícia de Mouhamad”.
No audio aos 19min e 35seg ele diz que “tem que viajar e entregar um negócio pro OMAR, o cara..lo a quatro e etc”
Como é que um meliante desses esta solto?